quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pe. Júlio Maria e o trabalho paroquial


Por Pe. Marcos Antônio Alencar Duarte, sdn

A V Conferência Latino Americana e Caribenha foi um acontecimento eclesial marcante, pois nos colocou enquanto Igreja num estado permanente de missão. Somos discípulos-missionários de Jesus Cristo, estamos atentos ao mandato missionário do Senhor: “Ide, pois, fazer discípulos meus entre todas as nações, batizai-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).

Quantos estudos, projetos e iniciativas surgiram após os apelos do Documento de Aparecida? Se fôssemos apontar as luzes que já se acenderam após Aparecida, certamente teríamos que gastar muita tinta e papel. Nosso objetivo neste artigo é centrar nossa reflexão a partir da transformação da Paróquia através do empenho missionário do sacerdote, iluminado pelo testemunho de nosso Fundador, o Pe. Júlio Maria De Lombaerde.

O tema torna-se interessante pela sua atualidade e por estarmos no ano sacerdotal, cuja finalidade é animar, fortalecer e despertar no coração de cada sacerdote a certeza de que a fecundidade de seu ministério está na fidelidade a Cristo e à sua Igreja.

O Pe. Júlio Maria, comprovado missionário da Congregação da Sagrada Família, após várias experiências missionárias na Europa e na áfrica, chegou ao Brasil em 1912. Trabalhou nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil. Sempre teve consciência de que a Paróquia não é apenas um espaço físico ou burocrático. Não gastou tempo e nem forças em obras paroquiais pesadas, pelo contrário, dinamizou a vida paroquial através de coisas simples como visitas às famílias e dedicação no atendimento às pessoas que o procuravam para receber o sacramento da reconciliação. Quando se dedicou à construção de colégios, abrigos, hospitais e seminário foi para que seus religiosos usassem esses meios para servir aos destinatários da missão. Sua preocupação era seu rebanho. A necessidade do rebanho era a do pastor. Foi a modo de Paulo um instrumento de fazer o bem a partir das necessidades do seu povo.

A Paróquia, na concepção do Pe. Júlio Maria é um campo de missão onde a Palavra de Deus é anunciada, os cristãos são alimentados pela ação sacramental da Igreja e pela visitação do seu pastor. Aos poucos os féis vão se encontrando com Cristo e mais do que depressa percebem qual é sua missão no mundo.

O jeito de ser sacerdote missionário do Pe. Júlio Maria se manifesta em todas as suas ações. Basta lembrar suas catequeses e pregações, seus escritos, sua preocupação com a formação de novos missionários, sua dedicação no atendimento às pessoas, seu empenho na educação, na saúde, seu carinho com as crianças e com os idosos. Sua forma de ser sacerdote movimentava a Paróquia.

O Pe. Júlio Maria tinha clareza de que a fecundidade do apostolado paroquial não depende exclusivamente das estruturas que temos ou dos agentes de pastoral, mas a transformação paroquial começa no encontro do sacerdote com Jesus Cristo. Ele mesmo dizia, citando o Pe. Giraud, que “não entendia um padre que fosse apenas padre e não hóstia”. No seu jeito de ver, entender e viver o ministério ordenado este pensamento estaria incompleto porque o padre-hóstia “é feito participante de seu sacerdócio, é feito também participante de seu estado hóstia”. Em outras palavras, o padre-hóstia é um sacerdote que vive em tudo sua vocação sacerdotal de presidir a comunidade, santificar o povo de Deus e de proclamar e ensinar a Palavra de Deus. Para que isso aconteça é necessário o encontro de Jesus com seus ministros ordenados. Só um sacerdote apaixonado por Jesus Cristo e por sua Igreja transformará o ambiente eclesial em que vivemos.

O jeito do Pe. Júlio Maria ser sacerdote na Paróquia fala muito a cada um de nós. Seu testemunho nos ajuda a entender o seguinte: “A renovação da Paróquia exige atitudes novas dos párocos e dos sacerdotes que estão a serviço dela. A primeira exigência é que o pároco seja autêntico discípulo de Jesus Cristo, porque só um sacerdote apaixonado pelo Senhor pode renovar uma paróquia. Mas ao mesmo tempo deve ser ardoroso missionário que vive o constante desejo de buscar os afastados e não a simples administração” (DA, n.201). “Para poder realizar frutuosamente o ministério pastoral, o sacerdote tem necessidade de entrar numa particular e profunda sintonia com Cristo, o bom pastor, o qual permanece sempre o único protagonista principal de toda ação pastoral” (DIP, n. 38). O presbítero é a imagem do Bom Pastor, é chamado a ser homem de misericórdia e compaixão, próximo a seu povo e servidor de todos, particularmente dos que sofrem grandes necessidades. A caridade pastoral, fonte da espiritualidade sacerdotal, anima e unifica sua vida e ministério. Consciente de suas limitações, ele valoriza a pastoral orgânica e se insere com gosto em seu presbitério” (DA, n. 198).

O Pe. Júlio Maria revolucionou a vida paroquial com poucos recursos. Seguindo o que diz o Documento de Aparecida ele renovou a Paróquia porque foi um autêntico discípulo-missionário de Jesus Cristo. Dava gosto ser cristão, o povo tinha em seu meio um sacerdote que era um outro Cristo. Isto entusiasmava os fiéis aos grandes heroísmos da fé.

Contemplando o jeito de ser sacerdote do Pe. Júlio Maria, os jovens poderão dizer: “Quero ser um padre-missionário de Jesus de Cristo com o foi este servo de Deus, o Pe. Júlio Maria”. O que fazer? Entre em contato conosco e juntos nos empenharemos na construção do Reino Eucarístico de Jesus.

Fonte: http://pvsacramentina.blogspot.com/2009/10/pe-julio-maria-e-o-trabalho-paroquial.html / Jornal Vocacional Semente, ano XXXVIII, N° 177.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Realizou-se o I Diretório do Apostolado Sociedade Católica

Do dia 7 de setembro ao dia 7 de outubro p.p., o Apostolado Sociedade Católica realizou seu I Diretório Geral. O Diretório é o órgão colegial máximo do Apostolado, e foi convocado para podermos refletir melhor sobre a sua estrutura e suas formas de ação, em estrita fidelidade à Igreja de Nosso Senhor e à Missão do Apostolado, preciosa para o mundo moderno.

Com o passar dos anos, e com as movimentações de pessoas pelo Apostolado, preciosas contribuições foram ofertadas à organização deste, tanto na forma de regras a serem seguidas quanto por ações a serem executadas. Merecem menção a Regra vigente atualmente, com seus preceitos de fidelidade e obediência, e com os primeiros artigos sobre a constituição governamental do Apostolado, bem como o nosso I Concurso de Artigos, realizado em setembro e outubro de 2008, e as campanhas contra o Comunismo e o Aborto, e a favor da família e do Matrimônio.

A Direção do Apostolado julgou que fosse a hora oportuna de, rememorando toda a caminhada do Apostolado até agora, e em harmonia com a sua inspiração inicial, sob a proteção e assistência do Espírito Santo e a sempre favorável intercessão da Virgem Maria e de Santo Tomás de Aquino, padroeiro do Apostolado, nos unirmos para “pensarmos e agirmos para o desenvolvimento da forma e organização deste Apostolado, sem desviar de seus fundamentos e princípios, tomando em si a Missão de fortalecer a identidade Católica dos fiéis” [PASSOS, João Batista. Carta de Convocação do I Diretório do Apostolado Sociedade Católica].

Foram dias de intenso trabalho e de uma participação muito frutuosa de todos os membros, que se envolveram plenamente, segundo suas próprias possibilidades, para o bom êxito do nosso Diretório. A dinâmica dos trabalhos foi simples, mas bastante eficaz e favorecedora da participação de todos. Reunindo-nos, ainda que virtualmente, pudemos ter a liberdade de estruturar e apresentar propostas para a ação do Apostolado. Cada um pode comentar as propostas apresentadas, de modo a desenvolver e aperfeiçoar o texto delas. Pudemos contar ainda com a presença certa e motivadora do Diretor Geral, sempre atento aos pontos essenciais das propostas. Os trabalhos foram coordenados mais diretamente pelo Diretor-adjunto do Apostolado, João Batista Passos.

Ao todo, foram apresentadas 11 propostas diretas, sobre os mais variados temas. Tivemos ainda 5 propostas intimamente ligadas à constituição de uma das principais, que pela complexidade de multiplicidade de pontos mereceram ser apreciadas separadamente. As propostas, feitas com cuidado e atenção, receberam numerosos comentários e foram elaboradas em vistas da redação dos Documentos Oficiais que, após publicados, constituirão fator fortemente agregador e direcionador da ação do Apostolado e de seus membros.

Além das propostas, foram apresentadas proposições de atividades a serem realizadas pelo Apostolado em um tempo determinado, num curto prazo. As atividades poderão ser facilmente acompanhadas, e serão apresentadas no sítio oficial.

No dia 7 de outubro, em que fizemos memória de Nossa Senhora do Rosário e da vitória da esquadra cristã na batalha de Lepanto, encerraram-se os trabalhos do I Diretório. O desejo geral é de que “este período possa ter sido proveitoso, não somente no que diz respeito ao Apostolado e sua estruturação, mas também a todos os que aqui participaram e puderam refletir a relação pessoal e particular que cada um possui com este Apostolado” [PASSOS, João Batista. Carta de encerramento do I Diretório].

Temos agora um bom volume de material, provindo das propostas, a ser trabalhado. Todo ele foi editado e enviado ao Diretor Geral para que, no uso de suas atribuições, possa aprová-lo e assim dar início ao processo de redação dos Documentos do Apostolado, bem como autorização das atividades a serem desempenhadas.

Considerando o conjunto de informações vistas aqui, tomamos conta de que o Apostolado é um projeto imenso, talvez, grandioso demais ao nos depararmos com sua Missão e responsabilidade diante de Deus, da Igreja e com os muitos que de alguma forma utilizam este Apostolado para estarem unidos e sentirem-se unidos com os ensinamentos e Fé da Igreja Católica.

Surgem as dificuldades, desânimos que muitas vezes sentimos, falta o tempo tão valioso para as ações de um Apostolado, mas tudo ao seu tempo, tudo ao tempo de Deus” [PASSOS, João Batista. Carta de encerramento do I Diretório].

Esperamos que, no espaço de tempo mais breve possível para a realização das próximas tarefas, possamos apresentar aos fiéis católicos os resultados desse nosso I Diretório. Temos fé que, pela ação inefável do Espírito Santo, esse Apostolado (mais ainda agora com o influxo positivo do Diretório) dará bons e abundantes frutos para a Santa Igreja. Com a graça de Deus, poderemos um dia exprimir o nosso “Consumatum est!”, nosso “missão cumprida”, em que triunfará na sociedade os valores do Evangelho de Cristo. Por hora, nessa grande Terra, em missão, reforçamos nosso brado, nosso lema, que é nossa razão de ser: PRO CATHOLICA SOCIETATE!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

[Comentários Apologéticos] O Depósito da Revelação

4º Domingo do Advento (Segundo a forma extraordinária do Rito Romano)


Evangelho: Lc 3, 1-6

1. No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca da Abilina,

2. sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias.

3. Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados,

4. como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías (40,3ss.): Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.

5. Todo vale será aterrado, e todo monte e outeiro serão arrasados; tornar-se-á direito o que estiver torto, e os caminhos escabrosos serão aplainados.

6. Todo homem verá a salvação de Deus.

Comentário Apologético

O Evangelho de hoje é uma introdução majestosa ao grande acontecimento do nascimento de Jesus Cristo.

A figura saliente deste belo quadro é João Batista, pregando o batismo de penitência como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías.

Esta frase nos mostra que o Precursor não pregava uma doutrina nova, pessoal, mas ia tirando do depósito da revelação tudo o que ensinava.

Nós também temos este depósito, o mesmo, porém, mais completo do que o de João Batista.

Para ele havia a revelação divina, feita a nossos primeiros pais, a Moisés e aos profetas, enquanto além disso nós temos as palavras de Jesus Cristo e dos Apóstolos.

Meditemos hoje sobre este assunto, considerando a dupla fonte da Revelação, formando um único depósito, a saber:

  1. A Sagrada Escritura;
  2. A Tradição Católica.

Teremos, deste modo, uma idéia clara sobre o fundamento da religião e sobre a firmeza imutável dos seus princípios.

I – A Sagrada Escritura

As verdades reveladas e os preceitos impostos pela revelação estão contidos na Sagrada Escritura e na Tradição.

A primeira parte da Sagrada Escritura, a que chamamos Antigo Testamento, contém as revelações feitas antes de Jesus Cristo; enquanto o Novo Testamento contém as revelações feitas pelo próprio Jesus Cristo e pelos Apóstolos.

Temos a plena certeza da integridade e autenticidade da Sagrada Escritura, pela autoridade infalível da Igreja, que demonstraremos mais adiante.

Notemos bem que a Sagrada Escritura é a Palavra de Deus, escrita sob a inspiração do Espírito Santo, tendo Deus por autor, e transmitida como tal pela Igreja. (Conc. Trento: De fide, II).

Sendo a Bíblia a palavra de Deus, não é a aprovação da Igreja que faz que seja a palavra de Deus. A Igreja infalível, para todo equívoco ou dúvida da parte de seus filhos, declara que tal livro, e não um outro, é Sagrada Escritura, e portanto a palavra de Deus.

A Igreja proclama um fato, mas não é a causa deste fato.

Sabemos e cremos, por exemplo, que o Evangelho contém a vida, atos e doutrinas de Jesus Cristo, mas qual entre os vários livros, que tem este nome, é o Evangelho autêntico?

É a autoridade infalível da Igreja que nos dá a certeza. Sem esta autoridade, o Evangelho será sempre a palavra de Deus, mas ninguém saberá distinguir o Evangelho verdadeiro.

Nossos sentimentos para com a Sagrada Escritura devem ser de respeito profundo, pois devemos o mesmo respeito à palavra de uma pessoa que à própria pessoa.

É Deus que levou tal homem a escrever, instruindo-o do que devera escrever, sugerindo-lhe o fundo das verdades e o modo de dizê-las, conduzindo-o pela graça de modo que não pode errar. Tudo o que escreveu tem por autor o próprio Deus, sendo, pois, a Sagrada Escritura: a palavra de Deus.

II – A Tradição

A Tradição, rejeitada ilógica e anti-biblicamente pelos protestantes, é também a palavra de Deus, a sua palavra não escrita por homens inspirados, mas transmitida oralmente e escrita depois pelos católicos dos primeiros séculos.

Não pode existir dúvida a respeito da existência da tradição, pois é certo que tudo o que fez ou disso o Salvador, não foi escrito, como no-lo afirma São João, no fim de seu Evangelho: Muitas outras coisas há que fez Jesus, as quais, se se escrevessem, nem o mundo todo poderia conter os livros que seria preciso escrever. (Jô 21, 25)

São essas coisas que Jesus disse e fez e que não foram escritas, que chamamos Tradição.

São Paulo escreve aos tessalonicenses: Permanecei firmes e guardai as tradições que aprendestes, ou por nossas palavras ou por nossa carta (2 Tess 2, 14)

Esta recomendação do Apóstolo prova que ele não ensinara tudo por escrito, mas que pregou muitas coisas que não chegou a escrever.

Ora, compreende-se que uma palavra falada de uma pessoa tem tanto valor quanto à sua palavra escrita. É a mesma palavra: o que difere é apenas o meio de transmissão.

Aqui de novo deve intervir a autoridade infalível da Igreja, para declara qual tradição em particular vem de Jesus Cristo ou dos Apóstolos.

Ao comparar essas duas vias de transmissão da palavra de Deus, pode-se dizer que a Tradição é a mais importante, porque sem ela quem nos certificará da integridade dos Evangelhos e outros livros sagrados?

Quem nos indica com certeza o sentido de certas passagens obscuras na Bíblia? A tradição, recolhida pela Igreja.

Quem ensinou a religião de Cristo antes de serem escritos os Evangelhos? A Tradição.

O Salvador deu aos Apóstolos a missão não de escrever a sai palavra, mas de prega-la a todas as nações. (Mc 16, 15)

Conclusão

Tal é o grande depósito da Revelação: a Sagrada Escritura e a Tradição; sendo a primeira escrita por inspiração divina, e a segunda pregada pela mesma inspiração, conservada oralmente pelos primeiros fiéis que a transmitiram de pai para filho, até que foi escrita por sua vez pelos escritores da Igreja, eu a recolheram, sem assistência especial do Espírito Santo, mas por amor à verdade.

Este depósito é guardado e apresentado pela autoridade infalível da Igreja, sendo esta mesma autoridade que nos apresenta a Tradição, pela voz do Papa, dos Concílios ou escritos dos Santos Padres, pelos Símbolos da fé, a liturgia, a disciplina da Igreja e os monumentos religiosos dos primeiros séculos.

Este depósito sagrado devia, necessariamente, ser confiado a uma sociedade, cuja finalidade é conserva-lo íntegro, interpretar e aplicar estas revelações, conforme a ordem recebida do Divino Mestre: Ide, ensinai todas as gentes a observar todas as coisas que vos mandei... e eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos. (Mt 28, 19)

Sem este depósito a religião não teria continuidade de existência, nem laço que a prendesse a Deus.

Exemplos

1. Em plena água doce

Pobres náufragos, recolhidos em uma canoa, faziam sinais desesperados a um grande vapor americano que passava ao largo. Foram percebidos e socorridos. Estavam morrendo de sede, e com a voz fraca diziam: ‘Dá-nos de beber!... água... água...!’

Admirado, o capitão perguntou-lhes se sabiam onde estavam.

-Não! Não sabemos de nada!

Estão na embocadura do Amazonas... Estão morrendo de sede, e não têm senão de estender a mão para beber: estão em plena água doce.

Assim acontece com muitos homens. Querem desalterar a sua sede de religião e não sabem onde encontrar a água doce da verdade... enquanto estão nadando no meio dela, no seio da Igreja Católica, que tem o depósito das verdades divinas na Sagrada Escritura e na Tradição.

2. O Elefante e as tartarugas

O senador de Mohrenheim era católico e embaixador da Rússia cismática perto da corte herética da Prússia.

Um dia atacaram a religião católica em sua presença. O caso era delicado, pois tanto o país que representava quanto a corte onde estava eram inimigos do catolicismo.

O embaixador não desanimou, e não querendo magoar a ninguém, nem deixar insultar a sua fé, pediu licença para fazer uma simples observação, e disse:

“A cosmologia indiana representa o mundo sob a forma de um elefante, tendo as quatro patas em cima de enormes tartarugas. Que é que sustenta as tartarugas? Os indianos não o dizem. O sistema religioso deles está, pois, no ar, sem base: é falso.

“O protestantismo como o Catolicismo apoia-se sobre os quatro Evangelhos... mas sobre o que apóia-se a autenticidade destes Evangelhos? Não admitem nada além do Evangelho... Logo, o sistema deles é tão falso e errado como o dos indianos.

“O catolicismo apóia-se sobre os quatro evangelhos, e estes Evangelhos são sustentados, declarados autênticos, pela Tradição e pela Autoridade da Igreja. Logo, é o único sistema religioso que tem base certa”.

Ninguém replicou a esta demonstração; e até hoje as quatro tartarugas enormes do budismo como do protestantismo continuam suspensas no ar, enquanto o Evangelho católico está seguro e indefectível sobre a Tradição e a autoridade.