quarta-feira, 26 de junho de 2013

A Santidade da Vida Cotidiana

São Josemaría Escrivá, Pe. Júlio Maria De Lombaerde e o Concílio


Por Matheus R. Garbazza

O santo nunca foi aquele desligado de seu mundo e de seu tempo. Configurados à pessoa de Cristo, cabeça da Igreja, todos os homens e mulheres que viveram virtuosamente a sua vida terrena foram profundamente inseridos no ambiente em que viviam, justamente com a finalidade de incitar em seus contemporâneos o mesmo ardor com que serviam eles mesmos aos seu Criador. Mesmo os santos eremitas e as santas enclausuradas deram a seu modo um testemunho profundo de vida e de virtude.
Se observamos a própria vida do Redentor, somos levados invariavelmente à mesma conclusão. Inúmeras são as páginas do Santo Evangelho que nos mostram Jesus caminhando com o povo, comendo, rezando e conversando com as pessoas. De tal forma que o nome “Deus Conosco” (Emanuel) não é apenas um devaneio poético, mas uma realidade palpável que se pode experimentar ainda hoje, para além do tempo e do espaço restritos em que Jesus viveu, pela ação sacramental da Igreja.
Da pregação e da ação de Jesus e de seus seguidores, desde os tempos apostólicos até os nossos dias, duas coisas chamam a atenção: a vocação universal à santidade e a santidade da vida cotidiana. Se às vezes fazemos da vida dos santos uma imagem idealizada e inalcançável, basta relermos os Evangelhos para verificar de perto quem é o santo: uma pessoa como eu e você, mas que toma a peito as consequências de sua opção fundamental por Deus e pelo seu Reino.
Talvez mais do que em qualquer outra época, nosso século é dotado, ao mesmo tempo, de duas características paradoxais que colocam o bom católico em cheque: de um lado, observamos um desprezo pela religião e suas formas externas, com um crescente número de pessoas que se declaram “atéias” ou outras coisas semelhantes. Por outro lado, existem aqueles que fazem sua própria fé: tomam elementos de uma ou outra crença, e os misturam numa espécie de “supermercado sagrado”.
Essas formas nada novas de crítica à fé e à Igreja são ainda marcadas por movimentos paralelos, que pretendem ter a força de uma opção incondicional do sujeito, e que apregoam valores semelhantes aos da fé. Em nome da justiça, da igualdade e da tolerância, rejeitam Deus de seu horizonte e colocam-se a si mesmos como o centro da vida e da sociedade.
Perceber bem qual é a figura do santo é essencial para manifestar a solução da fé para a encruzilhada da modernidade. Vivemos num tempo que precisa de santos, como lembraram e insistiram todos os últimos Pontífices. Entre tantos caminhos e desvios, é a estrada da fé, a estrada estreita, que pode oferecer ao homem e à mulher do nosso tempo um sentido e uma saída para os seus dilemas.