domingo, 7 de junho de 2009

Biografia do Padre Júlio Maria de Lombaerde

2 – Início da Vida missionária e primeiros trabalhos como Sacerdote

Júlio Emílio era compenetrado e maduro nas horas sérias, nas horas de recreio, o amigo expansivo de todos, moço vivo e dado aos divertimentos. Ficou neste colégio apenas 1 ano e em 1895 partiu com um Padre Branco para Boxtel, na Holanda a fim de iniciar sua vida missionária. Em 19/10/1895 parte para a África apesar da tristeza dos familiares e desmaio de sua mãe. Aí nasceu o desejo do seu irmão Aquiles de ser missionário na África também. Em primeiro de novembro Júlio vestia o hábito de irmão branco em Maison Carrée com o nome de Optato Maria. Passou algum tempo na solidão em Iril Ali, como cozinheiro e carpinteiro, e a 18/04/1897 consagrou-se definitivamente como missionário. Em 2/11/1897 foi enviado para Arris e passou por vários lugares da África até 1901. Neste tempo resolveu ser sacerdote, cumprindo uma promessa pela cura que Nossa Senhora lhe concedeu. Já era um homem de barbas longas e cheias.Visitou sua mãe e sua família em dezembro de 1901 e em fevereiro do ano seguinte já estava em Grave (Holanda) junto ao Pe. João Berthier, na "Obra das Vocações Tardias", para se tornar sacerdote. (02/02/1902).

Este seminário foi fundado em 1895 pelo Pe. João Maria Berthier, um missionário francês que foi para a Holanda para iniciar uma vida de extrema pobreza num quartel de soldados, velho e feio. Júlio Emílio lá entrou e logo foi encarregado das aulas de matemática e francês. "Quem ali vivia no berço da nascente congregação praticava todos os heroísmos da pobreza". Em 1908, já havia 12 padres na congregação, entre eles o Pe. Júlio De Lombaerde, ordenado a 13 de junho daquele ano. Foi este também o ano da morte do fundador (16 de outubro). Meses depois, estava pronta sua biografia. Autor: Pe. Júlio Maria.

A comunidade cresceu sobremaneira e o espaçoso seminário era agora pequeno demais para 40 sacerdotes e mais de 100 estudantes.Padre Júlio Maria foi enviado para Wakken, na Bélgica, para iniciar um Seminário Menor de Missões e aí sentiu a necessidade de um clero religioso cheio de zelo para cuidar e afervorar as paróquias. Nunca abandonou o amor e o fervor por Nossa Senhora, sobre a qual leu e escreveu grandes obras teológicas. Era seu amante apaixonado.

Na França, na Bélgica e na Holanda, pregou com amor e ardor, ousadia e veemência apostólicas. Fez missões paroquiais numerosas, durante quatro anos, mobilizando e trazendo à prática religiosa centenas, milhares de pessoas, reconstituindo famílias, atendendo horas a fio a pessoas que, fazia muitos anos, não se confessavam, legitimando uniões conjugais que ainda não tinham recebido o sacramento do matrimônio, libertando as pessoas de vícios e pecados.

Muito entusiasmado com a "vida religiosa consagrada" (a vida de padres e irmãos, freiras e irmãs vivendo em comunidade, fraternalmente, seguindo uma regra de vida aprovada pela Igreja, e consagrando-se a Deus através dos votos de pobreza, obediência e castidade), Padre Júlio Maria aproveitava as missões e o clima de fervor religioso que, por causa delas, se experimentava, e procurava levar ou orientar para o convento aqueles e aquelas que se sentiam vocacionados. Na linguagem de pregador popular, ele gostava de dizer: "Temos três modos de ir para o céu: através da vida matrimonial, através do celibato no meio do mundo (celibato sacerdotal ou leigo) ou através da vida religiosa consagrada. Mas quem escolhe a vida de casado, é como se fosse para o céu a pé; o que vai pelo celibato no meio do mundo, é como se fosse a cavalo; mas quem vai pela vida religiosa consagrada, é como se fosse de automóvel." Ele entusiasmava rapazes e moças a serem religiosos, porque ele mesmo estava entusiasmado com isso. Foram muitas as vocações que conseguiu despertar ou firmar. E a cura milagrosa de uma mãe paralítica, que permitira sua filha única ir para o convento, fez com que suas pregações sobre as vocações sacerdotais e religiosas se tornassem extraordinariamente persuasivas.


(Este texto é uma resenha e um rearranjo do livro “Pe. Júlio Maria, sua vida e sua missão”, de Dom Antônio Afonso de Miranda, sdn, o primeiro religioso da Congregação do Pe. Júlio Maria escolhido para ser bispo, hoje Bispo Emérito de Taubaté, SP, e que foi o primeiro biógrafo do seu Fundador.)

[Continua...]

sábado, 6 de junho de 2009

[Comentários Apologéticos] Introdução, um pouco extensa, mas necessária, para os sacerdotes

Peço aos queridos sacerdotes lerem esta introdução: nada de novo lhes ensinará, talvez, porém relembrar-lhes-á umas verdades práticas que facilmente ficam sepultadas no esquecimento.

I – Razão de ser deste trabalho

Um comentário apologético do Evangelho Dominical é quase uma novidade nas homilias, tanto estamos acostumados a ver apenas: comentários literal, dogmático e moral.

Em tempos idos, tais comentários eram suficientes, porque as crianças recebiam dos pais a instrução necessária para firmar sua fé e não deixar dúvidas em seu espírito. Deste modo, podia o sacerdote enxertar, sobre estas noções, comentários evangélicos, dogmáticos e morais, que eram compreendidos porque encontravam alicerces.

Hoje, infelizmente, estamos numa época de ‘falta de tempo, de gesto e de espírito religioso produtivo’, de modo que raros são os pais que ensinam a doutrina católica a seus filhos; uma mãe cristã ensina ainda a rezar, ministra-lhes umas verdades fundamentais, porém, muitas vezes de modo superficial, mal assimilado, feito às pressas, sem deixar uma convicção sólida no espírito da criança.

Este trabalho fundamental e básico da convicção tem que ser feito pelo sacerdote, no púlpito, nas homilias do Domingo ou no catecismo de perseverança.

Para muitos, a religião é uma espécie de opinião, iguais às opiniões sociais ou políticas: tomam o que lhes agradam, rejeitam o que não agrada e duvidam de uma doutrina que mal conhecem.

Para reagir contra esse abuso e retificar esta idéia falsa de religião, é preciso preparar a inteligência e a vontade para a aquisição de um espírito de fé, mais intenso e mais ativo. É tal preparação que se faz pela Apologética.

II – O que é Apologética?

É a demonstração da verdadeira religião contra todos os seus adversários, quer sejam incrédulos, quer sejam heréticos.

O grande ponto de controvérsia está nesta questão: É ou não é verdade a doutrina da Igreja Católica?

Esclarecidos pela fé, nós católicos respondemos: Sim, é a pura e imutável verdade!

Mas os adversários tem o direito de pedir provas de uma afirmação tão categórico.

Estas provas são dadas pelo ensino apologético.

Há no mundo um fato público, visível e inegável para todos: é a existência da Igreja Católica, que ao longo dos séculos proclama bem alto: Eu sou a única Religião Verdadeira! Aquele que crer em mim se salvará. Aquele que me rejeitar, será rejeitado por Deus!

Para nós, católicos, tal verdade não se discute: é de absoluta certeza. Infelizmente, há alguns que ignoram e outros que negam tal verdade.

A uns e outros a apologética dá uma resposta. Tal resposta, para ser completa, deve apresentar três partes em sua demonstração:

1) O fundamento

2) Os meios

3) Os fatos

O fundamento compreende:

  • A existência de Deus
  • A Imortalidade de Deus
  • A Providência Divina
  • A Lei Natural
  • A necessidade da religião

Os meios de demonstração são: os milagres e profecias, provando que a religião cristã foi divinamente revelada, e divinamente provada pelos milagres.

Os fatos são:

  • A existência da religião cristã
  • A sua admirável história
  • A sua preeminência sobre as demais religiões
  • A aplicação das profecias
  • Os milagres do antigo e novo testamento

Uma vez provado que a religião cristã é a única religião divina, torna-se fácil provar que essa única religião é conservada e ensinada pela Igreja católica, tendo, ela só, inscritos na fronte os característicos de Jesus Cristo.

Nesse novo quadro vem agrupar-se sucessivamente:

  • Os erros das seitas dissidentes,
  • O papado no Evangelho
  • A necessidade da infalibilidade
  • A hierarquia da Igreja
  • O Papado e a Eucaristia

É tudo isso que vamos por nessas instruções apologéticas.

III – O preâmbulo da fé

Os teólogos chamam a Apologética o preâmbulo da fé. Vejamos a razão e a certeza desta denominação.

Muitos pregadores queixam-se da inutilidade de seus sermões e conferências. Pode haver nesta queixa muita humildade, que ignora o bem produzido, pode haver também muita verdade.

Estará, talvez, o assunto bem adaptado às necessidades do presente? Estamos atravessando uma crise de caráter e, portanto, de fé.

A fé, embora sincera, é muitas vezes fraca, vacilante, porque não tem base. A fé é uma virtude sobrenatural, porém, no homem, o sobrenatural está como enxertado no natural.

Faltando a disposição natural na pessoa, o sobrenatural não encontra base sólida, e afora um milagre, não se sustenta. É fácil analisar isso. Basta analisar o ato de fé.

A fé completa percorre três etapas:

  • A credibilidade (é crível)
  • A credidade ou conveniência (convém crer)
  • A fé propriamente dita (creio)

A fé deve apresentar-se com títulos sérios ou credenciais, que mostram que esta ou aquela verdade é crível: são os motivos da credibilidade.

À vista destas credenciais, o espírito convence-se especulativamente de que deve crer em tais verdades críveis: é o assentimento de simples credibilidade.

Depois, saindo da ordem teórica, o espírito passa à determinação prática, e diz: Se tal coisa é crível, convém, pois, crer! São os atos de credidade.

A vontade, então orientada pela inteligência, faz o ato livre de fé: É crível, convém crer, creio!

IV – O ato de fé

Estes três atos que acabamos de assinalar encadeiam-se, e não podem ser separados.

Para que a fé penetre numa alma é preciso recorrer aos motivos que iluminam a inteligência e estimulam a vontade: são os motivos de credibilidade.

Os motivos de credidade são uma espécie de impulso dado à vontade para crer: convém Crer!

A vontade tira a conclusão e diz: creio. – é o ato de fé.

A graça divina intervém nestas várias operações para iluminar a inteligência e inspirar a parte afetiva; ela é menos necessária talvez para a credibilidade, mas absolutamente necessária para a credidade (convém crer) e para a adesão final: creio.

O motivo da fé é a autoridade de Deus revelador; o meio ordinário e a regra comum é a autoridade da Igreja.

Pode-se comparar essas três etapas da fé às três etapas da impressão de um livro.

  • O censor do livro diz: nihil obstat. É bom, não há impedimento.
  • O Bispo diz: Imprimi potest: pode ser impresso...
  • O autor, entregando o livro à tipografia, tira a conclusão e diz: Imprimatur. Seja o livro impresso.

Em suma, esses três atos são: É bom – Convém – faço!

Assim o homem ouvindo uma exposição apologética, aprende os motivos de credibilidade: É crível. A sua vontade instruída diz logo: Creia pois! (credidade) e, estimulada pela graça e pela inteligência, a vontade exclama: Creio, Senhor!

V – Necessidade da Apologética

Bem compreendido o que acabamos de dizer do ato de fé integral, podemos, com segurança, tirar uma conclusão de grande alcance.

A falta de fé sólida e convicta é o grande mal da nossa época.

É preciso, não simplesmente ensinar a doutrina, o dogma, a moral: é preciso, antes de tudo, argumentar e fundamentar a fé.

Ora, o caminho desta fé integral é o que já chamamos – introduzir nos espíritos os preâmbulos da fé.

Estes preâmbulos são a Apologética, contendo:

  1. Os motivos de credibilidade, mostrando as raízes, as belezas, os atrativos, o lado racional das verdades religiosas: é preciso mostrar que a religião é crível.
  2. É preciso deduzir destas noções a necessidade de abraçar e praticar esta religião, pelos motivos de credidade ou conveniência. Se a religião é crível, convém crer nela.
  3. Só depois desse preparo do espírito e da vontade haverá um ato de fé integral, baseado de um lado sobre o conhecimento da religião, e de outro lado sobre a autoridade de Deus, revelador da Religião.

Assim sendo, o primeiro ensino a dar aos fiéis é o ensino apologético: donde a necessidade de um curso completo sobre o assunto, durante o ano inteiro, na pregação dominical.

VI – Conclusão

Concluímos que o presente curso de Apologética é de incontestável necessidade, para preparar as almas ao dom da fé, que lhes mostra a religião, não mais como uma simples opinião, mas como uma verdade revelada por Deus.

A exposição dessas verdades, longe de ser árida, como uns pensam, excita nos ouvintes um imenso interesse de conhecer melhor a religião e de praticá-la integralmente.

Fruto de longa experiência no púlpito e na administração paroquial, o presente livro não tem outra ambição senão de ajudar os zelosos sacerdotes no desempenho de sua atrelada e às vezes espinhosa missão de instruir os fiéis e de excitar neles uma fé sincera, fundada e ativa.

Nada de novo ensina, é certo, aos sacerdotes, porém coordena, divide, adapta e deduz do Evangelho, numa ordem lógica, umas tantas verdades, que não se nota à primeira vista, mas cuja explanação relembrará aos pregadores o que sabem e lhes mostrará o modo prático de expor estas verdades ao povo.

Seja este livro nas mãos do nosso clero zeloso, um instrumento para a salvação das almas, é a única aspiração do autor.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Biografia do Padre Júlio Maria de Lombaerde

1 – Infância e juventude

Nasceu dia 7 de Janeiro de 1878 na aldeia de Beveren, município de Waregem na Bélgica. Foi batizado dia 8 de janeiro, apressadamente, pois nasceu doentio e inspirando cuidados.

Dizia-se francês e falava com orgulho do povo vivo, espirituoso, guerreiro e inteligente que eram os franceses, aliás pátria de São Luís. "Quero ter o santo orgulho de saber bem a minha língua", dizia ele.

Júlio Emílio filho de José De Lombaerde e Sidônia Steelandt, era o primogênito de 8 irmãos, dos quais morreram sete de crupe, antes dos 7 anos, escapando apenas ele e o 9º irmão, chamado Aquiles, que também se tornou missionário.

Seu pai descendia de família militar emigrante de Lombardia. Homem simples, trabalhador e muito alegre. Gostava de livros e era habilidoso carpinteiro. Morreu de úlcera no estômago em 19/09/1890. Sua mãe era flamenga, descendente de holandeses, gênio expansivo e alegre. Quando menina quis entrar para o convento como sua irmã, mas acabou se casando e tornou-se mãe aos 30 anos. Quando enviuvou, protestara não mais casar-se, mas com a decisão dos filhos de abraçar a vida religiosa, resolveu e casou-se com Charles Callens.

Padre Júlio Maria passou a infância em Waregem onde fez o curso primário. Sua formação pré-primária foi feita por religiosas num jardim de infância da cidade. Foi lá que despertou a vontade de ser missionário. Fez a 1ª comunhão em 1889 e no mesmo ano foi crismado. Guardava com todo cuidado sua fotografia com a mãe do dia da 1ª comunhão, motivo de festa e orgulho para toda a família. Aos 15 anos foi estudar no Instituto São José em Torhout, na Bélgica. Uma escola destinada para a formação de professores e dirigida por sacerdotes diocesanos. Nesta época sua mãe se casou com Charles Callens que não pôde (ou não quis) pagar os estudos de Júlio e o rapazinho então resolveu vender a mobília da casa para estudar. "Era um peralta". Neste colégio recobrou a vontade de ser missionário e lia assiduamente as revistas missionárias, sua principal distração. Recebeu formação rija e firme, mas bem gostava das brincadeiras nas horas permitidas.

(Este texto é uma resenha e um rearranjo do livro “Pe. Júlio Maria, sua vida e sua missão”, de Dom Antônio Afonso de Miranda, sdn,  o primeiro religioso da Congregação do Pe. Júlio Maria escolhido para ser bispo, hoje Bispo Emérito de Taubaté, SP, e que foi o primeiro biógrafo do seu Fundador.)

[Continua...]

terça-feira, 2 de junho de 2009

Comentário Apologético do Evangelho Dominical

Iniciamos a publicação da inspirada obra "Comentário Apologétcio do Evangelho Dominical". Belo volume de mais de 400 páginas, à época foi uma obra única em seu gênero. É um curso completo de Apologética profunda e interessante, admiravelmente tirada do Evangelho, adornada com numerosos exemplos típicos e citações de primeiro valor.

As perícopes do Evangelho estão conforme o calendário litúrgico do Missal Romano pré-conciliar, sendo o livro de 1940. Apesar de já não servir mais para o uso litúrgico (exceto para os sacerdotes e comunidades que têm a oportunidade de vivenciar a forma extraordinária do Rito Romano), os comentários podem ser seguidos como verdadeiro curso de Apologética. Há de se reparar no estilo combativo do Pe. Júlio, no seu fervor na defesa da ortodoxia católica.

A obra conta com a seguinte aprovação eclesiástica:

Nihil Obstat

Rio de Janeiro, 12 Octobris 1940
P. Ângelo Contessotto S.J.
Censor ad hoc

______________________________
Imprimatur

Caratingen, 28 Octobris 1940
+Joannes Cavati
Episc. Caratingen

Os comentários serão publicados separadamente, podendo ser facilmente lidos sob a forma de artigos. Estarão devidamente identificados com a marcação [Comentário Apologético] no título.

Aviso:

Os comentários poderão ser conferidos semanalmente (de uma maneira ordinária) às quintas-feiras no sítio do Apostolado Sociedade Católica, aqui:


Boa leitura a todos!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Biografia sintética do Padre Júlio Maria de Lombaerde


Nasceu o Padre Júlio Maria em Waereghen (Bélgica), aos 8 de janeiro de 1878. Foram seus pais José de Lombaerde e Sidônia Steelant. Recebeu na Pia batismal o nome de Júlio Emílio.

Atraído pela vida missionária, quando assistia à Missa de um santo missionário, ainda antes de concluir seus estudos, se fez “irmão branco” com o nome de Irmão Optato Maria, tendo ido trabalhar depois na África.

Em conseqüência de febres voltou à Europa e, sentindo-se chamado ao sacerdócio, entrou na Congregação da Sagrada Família, fundada pelo Padre Berthir, em Grave (Holanda) para recolher vocações tardias. Foi ordenado a 13 de janeiro de 1908. Em 1912, quando fazia um bem imenso pregando missões pela França, foi de repente enviado para o Brasil (Amazônia), onde trabalhou 15 anos como missionário entre os índios e caboclos.

No Norte (Macapá) fundou providencialmente a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, tendo sido aprovada pelo Papa Bento XV. Tem-se desenvolvido muito essa Congregação, possuindo casa até em Fortaleza, capital do Ceará.

Do Norte, o Padre Júlio Maria, demorando-se algum tempo em Natal, veio para Manhumirim (Minas), em 1928. A obra que aqui desenvolveu, com a proteção de Deus e apesar das perseguições constantes movidas pela Maçonaria local, é uma prova palpável da divindade da sua missão.

A pedido dos Sres. Vigários, e estimulado pelo santo Dom Carloto, primeiro Bispo de Caratinga, Padre Júlio Maria, com muito fruto espiritual, percorreu grande parte da Diocese, pregando Missões.

“Do nada”, mas sempre abençoado por Deus e Nossa Senhora, fundou aqui a primeira Congregação de padres missionários genuinamente brasileira, bem como a das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora.

Padre Júlio Maria, polemista sem par, teólogo exímio, pregador admirável, escritor de renome, teve sempre sua pena e sua rara inteligência a serviço da Igreja e pelo seu [jornal] “O Lutador” se fez o “terror dos hereges”.

Mestre, pai e amigo, igual a ele nunca existirá. Mestre do povo, pai dos pobres, amigo das crianças, era chamado por estas como sendo o seu querido ‘vovozinho’.

Em trágico acidente de automóvel, verificado a 24 de dezembro de 1944 [estando viajando às pressas, de noite, por urgência de celebrar a Santa Missa de Natal], sozinho, longe de seus filhos, Padre Júlio Maria morreu, lutando ainda como passara toda a sua vida. O Brasil inteiro chorou a perda desse grande sacerdote, brasileiro de Coração.

Suas obras: O Seminário Apostólico, o Colégio Pio XII, o hospital-asilo São Vicente de Paulo, o Patronato Santa Maria [para acolhimento dos órfãos], Escola Normal Santa Terezinha, a editora e o jornal “O Lutador”, que em Manhumirim [e a editora, em Belo Horizonte] continuam vivas e progredindo nas mãos de seus filhos espirituais.

Padre Júlio Maria fez muito a Manhumirim, e os padres Sacramentinos, seus filhos, sem nenhum favor, continuam fazendo outro tanto, e ainda mais.

Padre Júlio Maria não morreu. Vive ainda em suas obras e no espírito de “Amor e Sacrifício” de seus filhos... 

(Retirada de um antigo folheto sacramentino)