sábado, 24 de dezembro de 2011

É bem pouco pra ti sepultura, necessário se faz um altar...


Ha 67 anos, falecia o campeão da Fé, Pe. Júlio Maria De Lombaerde.

Memento, Pater, filiorum tuorum!



Pro Catholica Societate 

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Homilia da Missa de Abertura do Ano Centenário

Na Celebração Eucarística de abertura do Ano Centenário da Chegada do Pe. Júlio Maria De Lombaerde ao Brasil, Sua Exceleência Reverendíssima Dom Antônio Affonso de Miranda, sdn, proferiu uma vibrante e emocionante homilia sobre a Missão do Fundador - extensão da missão de Abraão.

Vale a pena conferir: 


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Abertura do Ano Centenário da chegada do PJM - Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora


Nós, Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, iniciamos o Ano Centenário da chegada do Pe. Júlio Maria De Lombaerde ao Brasil dentro da celebração eucarística, presidida por Dom Antônio Affonso de Miranda, nosso coirmão, bispo emérito de Taubaté, SP, na capela do Recanto Coqueiro D’Água, das Irmãs Sacramentinas de Bérgamo, em Santa Luzia, MG.

Com o Tema: 1912 – Pe. Júlio Maria De Lombaerde, “Sai da tua terra e vai...” (Gn 12,1.) e o Lema: 2012 – Família Julimariana: Crer, ousar e partir... Nosso objetivo é Celebrar o Centenário da chegada do Pe. Júlio Maria De Lombaerde ao Brasil, reavivando na Família Julimariana o espírito missionário-eucarístico-mariano do Fundador, assumindo com ousadia a missão, como discípulos e discípulas de Jesus Cristo.

Nesta mesma celebração eucarística deu-se início a abertura da Assembleia de Estudos Sacramentina, que acontece de 17 a 20 de outubro, com a assessoria do Pe. José Altevir da Silva, CSSp, da Comissão Episcopal Pastoral para a Dimensão Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, e secretário do Conselho Missionário Nacional (COMINA). O Assessor estará nos ajudando a aprofundar, numa dimensão orante e reflexiva, a nossa missão, sobretudo em vista da nova área missionária, a partir de janeiro próximo, Angola – África. 

A liturgia bem preparada, pelos Noviços, Postulantes e Aspirantes, em vista dos ministérios de Leitor e Acólito instituídos ao Frt. Rodrigo Ferreira da Costa, SDN; e Frt. Welton de Oliveira, SDN, foi momento forte da celebração. Participaram conosco as Irmãs Sacramentinas de Bérgamo, do Eremitério Vila Emaús.

Cantamos Te Deum, ao Senhor da Vida e da História, pelas bênçãos derramadas em nossa família religiosa, por intercessão de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.

Pe. Heleno Raimundo da Silva, SDN
SECRETÁRIO GERAL

Pe. Demerval, sdn, entroniza o quadro do Fundador
  
Frt. Rodrigo recebe o ministério de Leitor
E/D: Frt. Welton, sdn, e Frt. Rodrigo, sdn, recebem o ministério do Acolitato


S.E.R. Dom Antônio Affonso de Miranda, SDN



Mais fotos: http://www.flickr.com/photos/sacramentinos/sets/72157627794220491/
Fonte: http://www.sacramentinos.org.br/sdn/

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Outubro, mês das Missões: "Missionário que veio de longe"!

A Igreja celebra um mês dedicado às Missões em outubro. Tivemos oportunidade de refletir sobre esse mês importante no ano passado, com nossas "Reflexões Missionárias", que podem ser conferidas no sítio do Apostolado Sociedade Católica [1ª Parte; 2ª Parte; 3ª Parte; 4ª Parte].

Neste ano de 2011, a Família Julimariana tem um motivo a mais para louvar a Deus pelo mês missionário. Trata-se da abertura do Ano Centenário da chegada do Pe. Júlio Maria De Lombaerde ao Brasil. No dia 15 desse mês, completou-se o 99º ano de sua chegada no porto de Recife-PE. 

Que esse Ano Centenário seja uma boa oportunidade para celebrar a importância do grande Missionário, Padre  Júlio Maria, para a Igreja!


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Galeria: Memorial do Pe. Júlio Maria na casa das Irmãs Cordimarianas

Imagens do Memorial em honra do Revmo. Pe. Júlio Maria De Lombaerde, numa das casas das irmãs Cordimarianas. A Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria [FCIM] foi a primeira fundada pelo Pe. Júlio Maria. Atualmente, a Casa Geral das irmãs encontra-se em Caucaia-CE.


Quando nasceu o Memorial Cordimariano?

Na Exumação dos ossos do Pe. Júlio Maria, em 1974, um grupo de Irmãs Cordimarianas participou do ato, em Manhumirim. Tudo foi muito comovente: as três Congregações se reuniram pela primeira vez em torno de um evento de seu Fundador. Era o início uma história...Começou a surgir entre as Cordimarianas, o desejo de ir ao passado transformá-lo em presente, isto é, trazer o Júlio Maria para o hoje da história.

A Renovação Conciliar exige de todas as Congregações uma volta às fontes, uma consciência mais clara e convicta do Carisma Fundacional. Isto impulsiona a Congregação para um estudo mais profundo da pessoa do Fundador: Pe Júlio Maria e de sua espiritualidade.Em 1975, Ano do Vlll Capítulo, Irmã do Divino convoca a Irmã Crismanda para apresentar numa das primeiras sessões do Capítulo o tema: Pe. Júlio Maria De Lombaerde - O Fundador. O Religioso Missionário no Brasil.

O tema é apresentado e a partir dele, em estudos de grupo, Capitulares discutem:

Como resgatar o Pe. Julio Maria entre nós? O que poderemos fazer no ano Centenário 1977-1978 para celebrar o Nascimento do Fundador?

A partir daí, começa um novo tempo Cordimariano O TEMPO JULIMARIANO!!! Tempo de estudos, de pesquisas, de descobrir o Pai, tempo de organizar o "Cantinho do Fundador", tempo de entrevistas com a Madre, publicação de livros, apostilas, etc. Em nível Nacional a CRB convocava as Religiosas para o CETESPE (Centro de Espiritualidade de Atualização da Vida Religiosa). Algumas Irmãs participam de cursos do CETESP, entre elas Irmã Isabel Barreto, que retorna assumindo o desafio de organizar o Memorial Histórico do Fundador num processo de "volta as fontes". No dia 05.07.1978 - Ano Centenário, é inaugurada a Sala Histórica numa celebração que reúne, pela segunda vez, a Família Julimariana. O desejo do Fundador se concretizava:

"Espero, embora separados, formarmos todos uma mesma Família no mesmo Pai e no mesmo espírito".
Pe. Júlio Maria numa carta para a Madre Maria de Jesus.
01.05.1931










Fonte: Site das Irmãs Cordimarianas

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Segredo da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria [VII]





CAPÍTULO V
SERVOS DE MARIA

Todos nós pertencemos a Maria Santíssima. Por natureza, todos os homens são necessariamente Servos de Maria. Exprime-o São Bernardino de Sena: “Quantas são as criaturas que servem a Deus, tantos são que devem servir a Maria. E estando os anjos, os homens, e todas as coisas que há no céu e na terra sujeitos ao império de Deus, submetidos devem estar, também, ao domínio desta celeste Rainha”.

Pelo Batismo, que nos faz filhos de Deus e herdeiros do seu reino, apertam-se os vínculos de nossa união à Virgem Santíssima; e nos tornamos seus filhos, mediante a nossa elevação a uma ordem superior.

Como homens, somos, então: SERVOS de Maria Santíssima.

Como cristãos, somos: SEUS FILHOS.

I. Título de dependência

Estes títulos são gerais e convêm a todos. Mais, não seria possível irmos além... subirmos ainda mais alto pela doação de nós mesmos à augusta Mãe de Deus? Mostra-nos o exemplo dos santos que a estes títulos comuns, a estes laços de afetos podemos juntar outros mais particulares, mais íntimos, inspirados por um amor intenso.

Servos, por natureza – filhos, pelo Batismo – podemos proclamar- nos escravos de Maria Santíssima por amor. E não é só. Impulsionados pelo ardor de torná-la conhecida e amada, podemos fazer-nos seus apóstolos. E, muito mais ainda, almejando participar plenamente de sua vida de imolação, poderemos ofertar-nos a ela como vítimas.

E por que não dizer tudo? Há um derradeiro título, mais sagrado ainda que os outros, e que parece reuni-los todos numa intimidade de vida e de ação; título que ultrapassa todas as nossas humanas e ínfimas concepções; é o de esposo espiritual da Virgem Imaculada.

Este grau não convém a todas as categorias de pessoas, conquanto todos a ele possam aspirar. Somente as almas superiores que se sentirem apaixonadas por Maria Santíssima poderão tomá-lo sob o impulso da graça e consentimento de um competente diretor espiritual.

Em resumo: acima do que já somos por natureza e em virtude do Batismo, podemos declarar-nos por amor:

ESCRAVOS de Maria;
APÓSTOLOS de Maria;
VÍTIMAS de Maria;
ESPOSOS ESPIRITUAIS de Maria.

Ponderemos cada um destes modos de dependência, assim como as obrigações que cada um contém. Por fim, concentremo-nos sobre o modo que parece ser, há um tempo, princípio e base dos outros: – a Santa Escravidão. É ela a Verdadeira Devoção ensinada por Santo Luís Maria Grignion de Montfort.

São Luís Maria Grignion de Montfort, nasceu em 1673, em Montforf-sur-mer – França, e morreu em 1716, em Saint Laurent-sur-Sèvre, depois de uma vida maravilhosa, toda dedicada à Virgem Santíssima, com o auxílio de quem fez inumeráveis conversões. Pode ser colocado na galeria dos grandes apóstolos da França. Escreveu diversas obras. A principal intitula-se: “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria”. Obra que parecendo inspirada, serve hoje de base a todos os estudos referentes à Mãe de Deus. Foi canonizado a 20 de julho de 1947.

II. Deveres de um servo

Principiemos pelo título de servo.

Já dissemos que todos nós somos servos da Santíssima Virgem, pois, como diz São Bernardino de Sena, “a soberania da Mãe de Deus não tem limites nem no céu nem na terra”. “Todos os seres, sem exceção alguma, estão sob o domínio divino, e pela mesma razão, sob o domínio de Maria”. “O Filho comum de Deus Pai e da augusta Virgem colocou, por assim dizer, em igual plano a autoridade de sua Mãe e a de seu Pai” – cf. De Nativ. B. V. cap. VI.

E Dionísio, o cartuxo, exclama, por sua vez: “Ó Rainha gloriosa e cumulada de graças, é justo que tudo se coloque sob vosso domínio, seja no céu, seja na terra; pois Deus, o Criador de tudo, houve por bem obedecer-vos” – cf. De laud B. V. cap.VI.

Mas, que é um servo?

É um homem a serviço de outro que recebe por remuneração de seu trabalho um salário de antemão combinado. O servo entra na família de seu amo; deve tomar a peito os interesses da propriedade, defender seu senhor, e prestar-lhe todos os serviços possíveis.

Pela criação e redenção, todos somos servos de Deus e, em conseqüência, servos de sua Santa Mãe. Somos, pois, membros da família de Maria. O templo de seu divino Filho é nossa morada. Seus interesses devem ser os nossos. Por recompensa de nossos serviços, a Virgem Santíssima nos promete o céu. É o que afirma São Bernardo: – “Um verdadeiro servo de Maria não pode perder-se”.

E então, que é preciso para sermos verdadeiros servos, e termos direito a tão animadora promessa? Muitas pessoas pensam que é suficiente recitar de quando em vez uma oração em honra de Maria Santíssima. Que basta enfeitar-lhe uma imagem. Que basta queimar em seus santuários, de tempos em tempos, algumas velas. Que é o bastante ser fiel a alguma prática de devoção, sem mesmo renunciar ao pecado.

Nenhuma destas devoções é má em si mesma. Contanto que não se prevaleçam delas para viver na inimizade de Deus. Podem elas até alcançar a conversão do pobre pecador. São, porém, insuficientes, para assegurar a salvação eterna. Para que um servo de Maria tenha direito às consoladoras promessas da Rainha do céu, é mister que se mostre digno e verdadeiro servo.

“Por isso, acrescenta um teólogo, – Vermeersch, S. J., Meditações, P. 240 – nossa devoção deve ser sincera e cristã”. E para ser sincera, é preciso que o coração deseje, verdadeiramente, honrar Maria e testemunhar-lhe confiança. Nenhuma prática particular é exigida para isso. Entretanto, a que se adotar seja significativa e exprima uma verdadeira confiança nesta boa Mãe. Nossa devoção deve ser cristã, isto é, em ordem à nossa santificação.

III. O estado de graça

O estado de graça é indispensável. Ora, o pecador pode recobrar, por Maria, a graça e amizade de Deus e chegar ao termo da predestinação – Bordaloue: Sermão sobre a devoção a Maria Santíssima, 2.ª parte.

Mas é preciso ao menos um certo desejo de recuperar a graça de Deus, uma vontade de proceder melhor. E é a isso que devem tender as práticas de devoção a Santa Mãe de Deus. Não basta a intenção de agradar à Santíssima Virgem. Devesse pôr como princípio de boa vontade, a fuga do pecado e a volta completa para Deus. Só deste modo poder-se-á obter, por intermédio da Mãe celestial, a misericórdia divina.

Portanto, é absolutamente necessário banir da alma a temeridade estulta de procurar, numa prática de devoção, um meio de continuar a pecar impunemente. Maria quer levar-nos a Jesus Cristo; é impossível, pois, que Ela satisfaça intento tão criminoso como seria honrar a Mãe para mais facilmente ofender o Filho!

Esta condição é essencial. Não se pode duvidar, entretanto, que a devoção produzirá tanto mais segura e magnificamente seus efeitos em nós, quanto maior e mais sincera for nossa dedicação.

Ser servo de Maria é, pois, uma garantia de salvação. No entanto, esta dependência não muda nenhuma das condições de salvação, estabelecidas por Deus. Seremos salvos pela graça de Deus. E alcançamos esta graça mediante os merecimentos de Jesus Cristo e nossa cooperação. Mas esperamos um auxílio de Maria Santíssima, uma oração sua que faça descer sobre nós favores mais abundantes da graça, e assim teremos a certeza de morrer bem. É, pois, em razão de nos assegurar tal auxílio, que a devoção à Mãe de Deus é sinal e penhor de eterna salvação.

IV. A salvação por Maria

Mas, se assim é, dirá alguém, porque celebrar esta segurança de salvação como sendo um apanágio da devoção à Mãe de Deus? Ora, será reprovado aquele que é verdadeiramente dedicado a Deus? – Evidentemente, não! Como poderíamos duvidar do poder e da bondade do Salvador de nossas almas, d’Aquele que criou Maria Santíssima e que sempre, com tamanha ternura, acolheu os pecadores desejosos de conversão?

Acharemos resposta à dificuldade, se ponderarmos que, para alcançar um fim, não basta possuir os meios: é preciso saber empregá-los. Jesus Cristo é Juiz e Salvador.

Ora, como será possível, em face disto, que o pecador tenha por Ele uma devoção inspirada pela confiança? Após o pecado, o grito natural da alma é o grito de São Pedro: “Senhor, afasta-te de mim que sou um pecador”. Este obstáculo à confiança desaparece somente quando podemos apresentar-nos a Jesus Cristo apoiados nesta Rainha puríssima, toda misericordiosa.

Eis o socorro por que Maria completa acidentalmente o desígnio divino da redenção. Eis como, sem nada subtrair à glória do Filho primogênito, Ela salva a todos os outros filhos que Deus lhe deu.

Pobres pecadores! A justiça do Filho pode espantar-vos e ameaçar-vos! Mas, que a misericórdia da Mãe vos atraia! Quando uma criança incorre na indignação do pai, e este a ameaça, ela se lança nos braços da mãe, não para afrontar o pai, mas para receber o perdão por meio dela que, com certeza, há de sentir-se comovida ante este ato de confiança.

Assim deve ser conosco. Digamos, então, muitas vezes, a esta boa Mãe que não cesse de implorar por nós diante de seu Jesus, de seu Filho, de Nosso Senhor. “Assidue pro nobis precare Iesum, Filium tuum et Dominum nostrum”. – Dizia São João Crisóstomo. E teremos certa a nossa salvação. É o que diz Santo Agostinho: – “Aquele por quem a Mãe de Deus reza ainda que só uma vez, salvar-se-á irrevogavelmente” – Cf.. muitos textos dos Santos Padres sobre o assunto em nossa obra: “Porque amo Maria”, cap. XIV.

Feliz aquele que se mostra verdadeiro servo de Maria!

Pode ter fraquezas e até cair, mas contanto que deseje sair deste seu estado e que invoque a Maria, alcançará a força de viver como bom cristão e de não ser indigno da proteção da Rainha do céu.

Postas estas condições, ele poderá pretender, com sua dedicação à Santíssima Virgem, uma garantia de perdão e de salvação.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Segredo da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria [VII]



CAPÍTULO IV
O MEIO DE UNIÃO A JESUS

Depois de mostrar a meta e o caminho que conduz até lá, é preciso indicar o meio. Indiquemo-lo desde já. Este meio é Maria Santíssima.

O papel de Maria é gerar Jesus Cristo em nós.  Provemos esta verdade, estudando como se faz tal gestação.

Esta função encerra toda a economia de sua intercessão e da sua mediação, e resume as questões mais profundas de nossa santa religião.

Embora seja um ponto um tanto filosófico, não devemos, entretanto, preteri-lo.

Para mostrar que tudo devemos a Maria, e que tudo nos vem por meio d’Ela, podemos apoiar-nos sobre este axioma: “Causa causae est causa causati”. Isto é, a uma causa se deve atribuir não somente o que ela mesma opera, mas também tudo o que ela faz operar pelos outros.

Jesus feito Homem é o Nosso Salvador. E é d’Ele que nos chega toda graça. Ele é a causa imediata e eficiente de nossa salvação.

Mas foi por Maria que Ele se fez Homem. Foi como Salvador e Senhor que Maria O concebeu e O deu à luz.

Logo, Maria é a causa mediata e moral de nossa salvação, já que, segundo o desígnio divino, sem Ela, estaríamos privados do Salvador.

“Do mesmo modo que Eva pela desobediência foi causa de sua ruína e da ruína de todo o gênero humano, – diz Santo Irineu – assim Maria, pela obediência, é a causa da sua salvação e da salvação de todos os homens” – Santo Irineu – Adversus haereses, III. C. XXXIII.

I. O que é graça
Para compreendermos a mediação de Maria e a glória inefável que d’Ela lhe advém, é preciso que tenhamos uma noção exata do que seja graça.

A graça – dizem os teólogos – não é uma substância. Não pode subsistir em si mesma, como a brancura de uma casa, o perfume de uma flor, a beleza de um quadro, não podem subsistir sem esta casa, sem esta flor, ou este quadro, dos quais são qualidades.

A brancura é um acidente, um modo de ser, uma qualidade da casa; o perfume é uma qualidade da flor; a beleza, uma qualidade do quadro. Assim, a graça é uma qualidade de nossa alma.

É a qualidade que a torna agradável a Deus. Ou, sob outro ponto de vista, um acidente que a dispõe para operar de modo sobrenatural.

A graça atual é, de fato, qualidade sobrenatural que nos faz agir de um modo sobrenatural; ou, ainda, são atos da Providência divina, dispondo as coisas com o fim de nos proporcionar a graça, e finalmente a salvação.

Tal é a graça, quer santificante – também chamada habitual – quer atual.

Pois bem, todas estas graças, Deus no-las dá por Maria Santíssima. É a Virgem sem mancha que no-las distribui. É uma verdade aceita por todos.

A razão é que “a ordem estabelecida por Deus não muda”. Aprouve-lhe dar-nos, por Maria Santíssima, o autor da graça. É preciso, por conseguinte, que todas as graças derivadas desta graça primeira – e todas derivam dela – nos venham por Maria.

É o raciocínio de Bossuet.Montfort diz por sua vez: “Quem quer ser membro de Jesus Cristo deve ser formado em Maria, pela graça de Cristo, que nela está em plenitude, para ser comunicada aos membros verdadeiros do Salvador” – cf. Segredo de Maria.

II. Elevação de Maria
Maria é a tesoureira das graças divinas. Mas, como acabamos de ver, não se distribuem graças como se distribuem moedas. A moeda existe em si mesma, independente de quem a distribui: Mas a graça não subsiste em si; é uma qualidade da alma.

Antes, pois, de dá-la, é mister que o doador a possua primeiro em sua própria alma. Maria é a dispensadora de todas as graças divinas. É ela quem tudo distribui. Logo, é d’Ela esta graça ou vida divina. Não é, sem dúvida, uma porção de sua substância; mas é, verdadeiramente, uma coisa que lhe pertence.

Que suave este pensamento que eleva a Santíssima Virgem a uma altura quase infinita! E não podia ser doutro modo; se,como diz Santo Tomás, é infinita a dignidade da Mãe de Deus, infinita deve ser, também, a sua elevação, pois uma deve ser proporcional à outra.

Sublime elevação!

Todas as graças, quer habituais, quer atuais antes de adornar nossas almas, adornaram a alma de Maria.

A comunicação da graça é, deste modo, uma espécie de contacto de nossa alma com a alma da Virgem Imaculada. Contacto dulcíssimo em que, nossa alma se aquece, ilumina e diviniza.

Compreendeis agora a intimidade que existe entre Deus e Maria, entre Maria e nossa alma? Como dissemos acima, é um círculo perfeito:

De Deus, por Jesus,
a nós, por Maria.
E, nossas relações com Deus:
Por Maria, a Jesus;
Por Jesus, a Deus.

Depois disso, podemos compreender melhor como a graça é verdadeiramente uma participação da natureza divina; participação que se faz por intermédio de Maria.

É a essência mesma da religião. Deus e o homem se encontram. E a Virgem Mãe é o templo em que se efetua este encontro.

Compreendemos, também, agora, as expressões dos santos aparentemente exageradas ao proclamarem a graça da Mãe de Deus superior à de todos os anjos e santos; ao afirmarem que Ela é mais querida de Deus e ama a Deus muito mais que todas as criaturas reunidas.

III. Papel de Maria
Mostremos como se opera a comunicação da graça de Maria Santíssima às nossas almas. Para compreendê-lo, basta que nos lembremos do papel da Santíssima Virgem no mistério da Encarnação; suas funções na distribuição da graça, são as mesmas que neste mistério.

Quando o Verbo se fez carne, foi o Espírito Santo quem formou seu corpo. Maria Santíssima forneceu a matéria, o sangue imaculado, depois de ter consentido que o mistério se realizasse – cf. A. Lhoumeau: – “La vie spirituelle à l’école du Montfort”, obra de profunda e sólida teologia.

Auxílio e consentimento – eis em que consiste, de modo principal, sua cooperação. Deus produz a graça, e Maria concorre como ministro e instrumento; ou, ainda, para nos dispor a recebê-la, ministerialiter et dispositive, segundo o dizer dos teólogos.

Para receber a graça é necessário o concurso e a vontade de Maria Santíssima.

Disse um dia a Virgem Santíssima à sua pequena Serva, Maria Lataste: “Pede-se uma graça, Deus consente, meu Filho concede-a, e eu a transmito”.

Dar-nos a graça, fazer-nos comungar a natureza divina... que é isto senão formar Jesus Cristo em nós, fazê-lo crescer em nós?

Tudo isto mostra, luminosamente, a função de Maria Santíssima na obra de nossa santificação. Que é santidade? A santidade não é outra coisa senão a plena conformação de nossa vontade com a vontade de Deus.

Um notável escritor ampliou esta asserção, dizendo: “A santidade consiste em aderir a Deus, de maneira a ter com Ele um só e mesmo espírito; de maneira a estar penetrado de sua graça, de sua vida, dependente de seus impulsos, conformando-se a seus pensamentos, abandonando-se a seu belprazer; de modo enfim, a estar possuída por Ele, e a não ter mais uma vida própria e independente” – Mgr. Gay. 105. De la Sainteté.

Eis o fim. Vejamos o meio de alcançá-lo. Este meio, nos é indicado pelas mesmas palavras do virtuoso Bispo, aplicadas a Maria Santíssima.

A santidade é, assim, aderir a Maria de maneira a ter com Ela um só e mesmo espírito; de maneira a estar penetrado de sua graça – já explicamos no começo deste capítulo, § II, em que sentido a graça pode ser chamada SUA – , de sua vida, dependente de seus impulsos, conformado com seus desejos, abandonado a sua vontade; de maneira, enfim, a estar como possuído por Ela, e a não ter mais uma vida própria e independente.

IV. União com Maria
A doutrina precedente merece atento estudo, pois demonstra a necessidade que temos de uma Consagração completa de nós mesmos à Virgem Santíssima.

Nossa perfeição consiste em estarmos unidos a Jesus Cristo pela graça. E a graça está em Maria. Será pois, mais intimamente unido a Jesus, e conseqüentemente mais perfeito quem mais intimamente se unir à Virgem Mãe. A união a Maria e a medida de união a Jesus Cristo, e portanto de perfeição. Quem mais semelhante for à Santíssima Virgem, mais se parecerá com Jesus Cristo.

Modelar-se sobre a Santíssima Virgem é modelar-se sobre Jesus Cristo. Depender de Maria é depender de Jesus. Viver para Ela é viver para Deus, pois quem vive em Maria é Jesus, Jesus que ela faz viver em nós.

Quanto mais íntima for a nossa união com Maria, tanto mais Jesus Cristo viverá em nós, e tanto mais abundante será a nossa graça.

Após estas verdades fundamentais, bem provadas, cumpre examinar de que modo podemos unir-nos a Maria Santíssima, e que dentre estes diversos modos é o mais profícuo para nós mesmos. Será o assunto dos capítulos seguintes.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Pão Eucarístico

Pe. Júlio Maria De Lombaerde, sdn


Hoje é a grande festa da Eucaristia!

É a festa do triunfo eucarístico no mundo e nas almas: no mundo, pelas procissões solenes que se fazem em toda parte; nas almas pela comunhão fervorosa deste dia.

‘A minha carne é verdadeiramente comida’, diz o salvador. ‘E quem comer a minha carne fica em mim, e eu nele – quem comer este pão viverá eternamente’.

Meditemos hoje estas palavras divinas, tão expressivas e tão divinamente ternas.

Jesus é o nosso pão... o pão que dá a vida eterna.

Nos queremos a vida eterna: é preciso, pois, recorrer a este pão divino, e excitar em nós uma espécie de fome espiritual por este pão dos anjos.

Dar ao homem mortal uma vida eterna é operar nele uma completa transformação.

É esta transformação que vamos considerar hoje, vendo:

1º O pão transformador.
2º O pão de cada dia.

I – O pão transformador

Sendo o corpo de Jesus Cristo o alimento da nossa alma, o seu primeiro efeito é ser transformado em nosso corpo e sangue; porém há um segundo efeito, divinamente terno, é que o alimento por sua vez nos transforma.

O gênero de alimentos contribui a formar as raças, e se contribui para este efeito geral, produz necessariamente efeitos sobre cada indivíduo em particular.

É um fato, hoje muito estudado e verificado, que tal alimento desenvolve a força dos músculos, tal outro o vigor do cérebro, um provoca uma vida intensa, o outro uma ação pacífica.

A divina Eucaristia é o alimento que deve formar uma raça divina.

A graça é chamada por São Pedro: ‘uma participação à natureza divina’ (2Ped 1,4).

Chama-se natureza de um ser: o princípio de sua atividade.

Pela graça adquirimos pois a possibilidade de agir divinamente, de fazer obras sobrenaturais, merecedoras de vida eterna.

E aqueles que agem desse modo constituem verdadeiramente uma raça divina: genus electum, diz São Pedro (1Ped 2,9). Somos da linhagem de Deus, como diz São Paulo. Ipsus enim ET genus sumus (At 17,28).

***

O próprio corpo não fica estranho a tal transformação, nem pode ficar, pois o corpo e a alma formam uma única pessoa, e esta pessoa participa necessariamente das transformações da alma e do corpo.

Reflitamos bem. É o corpo que recebe realmente Jesus Eucarístico e o conserva durante a sua passagem, infelizmente tão curta.

Ora, um tal contato não pode ficar sem efeito.

Logo, divinizando a nossa alma, a Eucaristia deve comunicar qualquer coisa dessa divinização a nosso corpo.

Durante a sua vida, Jesus Cristo curava os doentes pelo contato da sua mão; tocando-nos pelas santas espécies, porque não santificaria nossas lutas e abrandaria nossas inclinações malignas?

O estado normal da alma é a união com o corpo.

É preciso, pois, que o corpo participe de qualquer modo às influências da alma.

A alma pervertida comunica ao corpo qualquer coisa de duro, de irrequieto; enquanto a alma divinizada pela graça lança sobre o semblante do homem uma irradiação de bondade e paz.

Um dia o nosso corpo tem de ser unido de novo à alma; é preciso pois que este corpo adquira a aptidão de ser o companheiro adequado da alma, partilhando a sua felicidade e a glória, e reformando a personalidade única, resultante da união do corpo e da alma.

II – O pão de cada dia

O que acabamos de ver sobre o papel transformador da Sagrada Comunhão, é o bastante para compreender a necessidade de recebê-la com freqüência.

A alma, tão bem como o corpo, tem continuamente forças a refazer, elementos malsãos a eliminar, por a vida da natureza continua a existir, e procura, pela lei das oposições, a sufocar a vida sobrenatural, que é o seu antagonista.

O pão material de cada dia é uma necessidade, porque além das forças a refazer, por dentro, pelo gasto da atividade, temos de resistir a mil micróbios que nos espreitam de fora, e ameaçam a estrutura do nosso organismo.

O pão espiritual devia ser, por sua vez, de cada dia, pois temos também, por dentro, forças que se perdem e que devem ser restituídas, como temos por fora milhares de micróbios de perdição que procuram roer a nossa alma e lançá-la no abismo da tríplice concupiscência, como é a inclinação da carne, a volúpia dos olhos e o orgulho da vida.

Eis porque o mestre divino nos faz pedir o pão de cada dia.

Este pão é Deus!

É Ele que deve alimentar o elemento divino em nós, para conservá-lo em sua força dominadora.

Todo cristão, em estado de graça, tem pois o direito de desejar, como tem a obrigação de pedir este pão divino. Deve recebê-lo, não obstante o seu pouco valor pessoal, em vista das suas necessidades prementes da vida sobrenatural.

Ah! Não digais: Isto é o ideal?

É o ideal, sim; mas dizei-me: qual é a condição normal de um homem divinizado? Não é o ideal divino?

O que é divino é necessariamente ideal: a mediocridade seria para ele uma decadência. É certo, infelizmente, há muitos cristãos medíocres, porém, não é por direito, é por decadência.

Examinemos se os obstáculos materiais que talvez nos privam da comunhão freqüente são deveras invencíveis. É um dever nosso, procurar antes de tudo, o reino de Deus em nossa alma.

Quantos motivos mesquinhos, quantas ilusões estreitas nas desculpas, nós costumamos apresentar para eximir-nos da mesa sagrada!

Deus nunca exige o impossível. Se pois ele nos faz pedir o pão de cada dia, é porque há possibilidade de recebê-lo.

III – Conclusão

As festas eucarísticas de hoje devem excitar em nós, o desejo de cooperar na grande obra da glorificação de Jesus Sacramentado, glorificação social, pública, e glorificação individual, pessoal, que se deve operar pela recepção da Sagrada Comunhão.

Sentimos por demais a necessidade de uma transformação em nossa vida, e tal reforma deve realizar-se pela recepção do pão transformador, que nos põe em contato com Deus.

E como tal obra é de todos os dias, precisamos recorrer à comunhão freqüente. A comunhão deve ser o pão de cada dia, para que cada dia tenhamos a força de vencer os inimigos da nossa alma.

Um pouco de boa vontade e todos os clamores da indolência, do interesse e do respeito humano calarão diante da necessidade e do amor.

A necessidade deve impelir-nos; enquanto o amor nos deverá atrair.

É na mesa eucarística que está a salvação das almas e do mundo.

[In Comentário Eucarístico do Evangelho Dominical, págs 242-247]

quinta-feira, 9 de junho de 2011

[Vocacional] Aspirantado SDN 2010

Apresentamos hoje um pequeno vídeo vocacional, retratando um pouco as atividades do Aspirantado da Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora em 2010. A comunidade Frei Paulo Fontes (carinhosamente apelidada "Ubi Cáritas", por causa do antigo nome do prédio no qual geralmente ficava instalada. Somente agora o nome foi resgatado, estando estampado novamente no frontispício da sede) em 2010 esteve alojada no Seminário Apostólico Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, construído pelo Revmo. Pe. Júlio Maria.

Esperamos que nossos leitores apreciem conhecer um pouco do que aconteceu nesse ano passado.


Os créditos da produção vão para o nosso irmão, Rafael Henrique de Almeida.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Primeira homilia de Dom Emanuel Messias como Bispo de Caratinga


Meus irmãos e irmãs, por desígnio de Deus, agora, filhos e filhas queridos, ovelhas do meu rebanho. A minha já saudosa diocese de Guanhães, meu primeiro amor, fez um gesto lindo na festa dos seus 25 anos comemorados com grande solenidade, no primeiro dia deste rico mês de Maria, a primeira missionária, levando a boa nova do amor-serviço a sua parenta Isabel. Foi a cerimônia do envio, pois o lema daquela querida diocese é: ”Discipulos missionários a caminho”. Gesto forte, cheio de significado, pleno de emoção e rico em beleza. Eles enviaram o seu bispo como missionário para a Diocese de Caratinga. Chego, assim, como um bispo missionário, na simplicidade, mansidão e singeleza dos missionários do Senhor, numa vontade incontida de ser um bom pastor para as minhas novas ovelhas. A saudade é grande, mas “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus.” Filhos e filhas que acabam de ser gerados do meu coração de pastor. Nas inúmeras entrevistas consedidas, nestes últimos meses, sempre voltava  a pergunta: “Quais são os seus projetos para a Diocese de Caratinga? Veja, meu santo povo de Deus desta Igreja particular, posso eu, saindo de uma jovem diocese de apenas 25 anos e entrando numa diocese quase centenária, trazer projetos novos, sem antes pisar este chão sagrado, sem antes conhecer e respeitar a caminhada bonita desta veterana Igreja Particular? Grandes homens passaram por aqui e é na trilha deles que desejo caminhar. Como bom mineiro já comecei a descobrir as belezas, as grandes iniciativas e os grandes passos que esta Igreja já deu, e, devagarzinho, conversando com cada padre, com cada seminarista, religiosos, religiosas, leigos e leigas, vou me inteirando da caminhada feita e onde preciso colocar ênfase, fazer resgate, insuflar novo espírito, colocar sangue novo. Estive descobrindo as marcas indeléveis dos bons e santos pastores que o Pai, rico em misericórdia, já enviou para esta Igreja Particular ao longo destes 95 anos de caminhada diocesana. Acho importante mencionar seus nomes e salientar rapidamente seus pontos fortes.
Dom Carloto
Dom Carloto Fernandes da Silva Távora (1920-1933). Treze anos de belíssimo trabalho apostólico e evangelizador, sobretudo, missionário.  Foi realmente um bispo missionário. Apesar de ser de família importante, vivia num total e encantador desprendimento. Nem casa tinha. Onde era a casa do bispo? “Onde havia um coração a consolar, uma dor a aliviar, uma iniciativa a sustentar, uma fatiga a partilhar, uma obra de caridade a fazer, uma alma a salvar; aí é a casa do bispo” escrevia alguém no jornal “O Lutador, de 22/12/1929. Vestia uma batina surrada de padre e permanecia meses em paróquias sem padre, atendendo aos fiéis, deixando Caratinga por conta do Monsenhor Aristides Rocha. Acolheu  e apoiou  o Padre Júlio Maria, sendo considerado co-fundador dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora. Sua simplicidade e seu sorriso ficaram gravados no coração do povo.
Dom José Maria Parreira Lara (1935-1936). Um ano e oito meses a serviço da diocese. Rifou o automóvel dele para pagar as contas da construção da nova catedral, que foi obra incansável do Monsenhor  Rocha, que a construiu em apenas quatro anos, naturalmente, com o apoio inegável de Dom Lara, que conseguiu benzê-la com grande solenidade, em 1935. Foi o bispo dos pobres e das criancinhas. Impecavelmente vestido à maneira episcopal, de cruz peitoral e solidéu, mas com simplicidade evangélica, gostava de jogar gude com as crianças. Foi também chamado de “O bispo da caridade”. Não conseguiu visitar todas as paróquias, morrendo de febre  tifo, quando visitava Mutum.
Pe. Júlio Maria De Lombaerde, sdn
Dom João Batista Cavati. (1938-1956). Nasceu no Espírito Santo e foi Missionário Lazarista Com um ótimo currículo, com Teologia na França, era homem de grande cultura e ao mesmo tempo de profunda humildade. Dezoito anos de dedicação exemplar. Na sua Carta Pastoral de Saudação, já sonhava com o futuro Seminário de Caratinga. Sempre preocupado com a educação, foi o bispo das escolas católicas e das Vocações Sacerdotais. Sua presença foi marcante na educação da juventude e na catequese. Preparou a criação do Seminário e construiu o Palácio Episcopal. Foi o co-fundador do Instituto das Missionárias de Nossa Senhora das Graças (Gracianas). Deu um forte apoio aos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, quando faleceu o fundador, Pe Júlio Maria Lombaerde. Foi ele também que trouxe para Caratinga os Padres Carmelitas descalços. Já bispo emérito escreveu o livro “História da Imigração Italiana no Espírito Santo.” Grande bispo!
Dom José Eugênio Corrêa. ( 1957-1978). Vinte e um ano à frente da diocese. Super-animado com a catequese. Inventou, antes do Concilio as “Conferência Religiosas Populares”, que se transformaram depois nos famosos “Grupo de reflexão” . Foi o bispo do  Concílio Vaticano II. A ele se deve a construção do Seminário Nossa Senhora do Rosário. Foi quem promoveu o “aggiornamento”, a renovação da Igreja diocesana de Caratinga, criando  os vários Conselhos e dando  voz  e vez  aos leigos. Incentivou o trabalho das Comunidades eclesiais de BaseFoi um grande amigo de seus padres. Interessante que deixou a diocese bem antes dos 75 anos, dizendo com toda simplicidade e sabedoria: “Depois de 21 anos de trabalhos aqui, achei melhor ceder o lugar, para que venha um bispo mais jovem, mais capaz, diferente, para corrigir talvez algumas coisas, para dar um impulso novo, uma vida nova à Diocese, para fazer o que não fiz.” Grande humildade e grande abertura para o novo.
Dom Hélio Gonçalves Heleno. Continuou as Assembléias Diocesanas de Pastoral, praticamente, uma por ano. Elaborou diversos Planos de Pastoral. Reorganizou e atualizou com muita competência todos os arquivos da Cúria em livros e pastas de documentos, acrescendo, sensivelmente, o acervo histórico de cada paróquia. Valorizou muito a Catequese, a Pastoral Familiar, a Pastoral da Criança, a Pastoral da Juventude, a Pastoral Litúrgica, Vocacional e as CEBs. Deu atenção especial ao Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário, do ponto de vista físico de remodelação e ampliação, como também melhorando o nível acadêmico das aulas com professores especializados, de fora, e preparando também seus padres, conseguindo que três fizessem o mestrado em Roma. Dom Hélio carrega a glória de, com algumas poucas exceções, ter ordenado todos os padres da sua diocese. A ele se deve também a criação de inúmeras paróquias, todas providas de padres. Fez diversas visitas Pastorais em todas as paróquias, atividade que realizava metodicamente de quatro em quatro anos. Com seu grande amor pelas vocações entrega ao seu sucessor quarenta e três seminaristas, com três diáconos. Deixou a Igreja Diocesana bem organizada do ponto de vista administrativo e pastoral. Parabéns, meu querido Dom Hélio, pelo empenho apostólico neste trinta e dois anos de serviços prestados à Igreja diocesana de Caratinga.
Queridos filhos e filhas, este cuidado de repassar sucintamente a grande obra destes gigantes da fé e da sua dinamicidade apostólica, não foi apenas pelo gosto de uma retrospectiva histórica, mas para deixar claro o desafio diante do qual me encontro ao assumir esta diocese com caminhada tão bonita e por onde passaram homens sábios e profundamente dinâmicos. Diante desses traços marcantes: missionariedade, zelo pelas crianças e amor para com os pobres; empenho na educação, investimento na Juventude, sobretudo estudantil e universitária; dedicação à Catequese; vivência profunda do Concílio Vaticano II e seus desdobramentos nas diversas Conferências episcopais Latino americanas e caribenhas, como também, nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil; dedicação às CEBs (Comunidades Eclesiais de Base); carinho especial pelos padres, religiosos e religiosas como também aos seminaristas, vocacionados e vocacionadas; atenção especial ao seminário, à família, à liturgia. Diante de tudo isso, precisaria eu trazer no bolso novos projetos? Tentar, com a graça de Deus, por sangue novo nesta diversidade de trabalhos, já seria um grande desafio.
É verdade trago novas idéias, mas estas idéias serão sem pressa aquecidas no caldeirão das observações, das críticas e contribuições dos meus padres antes de virarem projetos. Desejo que todos participem; gosto das decisões comunitárias sempre que possíveis. Farei tudo para vivenciar no meio de vocês e ajudar vocês também a colocarem em prática  o que ouvimos na segunda leitura, em Col.3,4-12. Quero revestir-me de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Quero que nosso perdão seja tão generoso e corajoso como o do Bom Pastor, fazendo-se Cordeiro Imolado ao dar sua vida, na cruz, por nós, perdoando até mesmos os que o assassinavam. Quero ver a paz e a gratidão no coração do meu povo. Quero me envolver com as crianças da Pastoral da Criança, passando pelos catequizandos da iniciação eucarística, os adolescente e jovens da crisma, as diversas pastorais da juventude, a família, os sem família, os separados, os viúvos e viúvas até aqueles que, por graça, acumularam juventude, chegando à idade madura, os da Pastoral da Terceira idade. Desejo dar uma atenção especial aos enfermos, nos hospitais ou em casa, aos irmãos com deficiência, sobretudo mental, reconhecendo neles a presença de Jesus. Também os que estão totalmente à margem terão nossa atenção, com a graça de Deus. Quero ser o bom pastor entre as minhas ovelhas, defendendo-as dos ladrões e assaltantes e conduzindo-as a verdes pastagens. Meu desejo não é exercer uma autoridade que manda, mas, obedecendo a etimologia da palavra, uma autoridade que faz aumentar. Aumentar a harmonia e a paz, aumentar a participação de todos em tudo, aumentar a misericórdia e o perdão, o bem estar e a vida de todos. Nada desejo impor, mas propor. Depois, sim, as idéias, se  aceitas,  poderão virar projetos.
Tudo isso é um desejo ardente do meu coração acanhado e pobre, mas que pretende estar aberto a todos, numa atitude constante de serviço na intimidade profunda do Bom Pastor, que conhece suas ovelhas e dá a vida por elasQuero ser a porta, que simboliza ternura, carinho e misericórdia por onde todos possam entrar e conhecer a imensidão da misericórdia do Bom Pastor. Quero ser o aconchego e a segurança das minhas ovelhas, na noite escura, dentro do redil, vigiado pelo Bom Pastor. Quero, ao raiar da aurora, conduzir meu rebanho para verdes  e saborosas pastagens. Hoje falo assim como projeto de vida, mas gostaria que vocês me conhecessem no temor e tremor antes de aceitar o ministério episcopal, conhecessem a minha pequenez e o reconhecimento que tenho pela soberania do Bom Pastor.
Para vocês perceberem a situação  interior do meu coração simples e acanhado, trago, pela primeira vez a público, uma oração angustiante, mas cheia de fé que pronunciei, abrindo meu coração ao Bom Pastor, quase dois anos antes da minha eleição para bispo, quando apenas boatos se ouviam, mas cada vez mais intensos. Curiosamente, naquela ocasião, eu já me dirigia ao Bom Pastor. Hoje,  me encontro em situação semelhante, mas, naturalmente, um pouco mais amadurecido e menos inseguro. Para que ficasse uma oração reservada, e para ser rezada mais vezes, a escrevi criptografada em caracteres gregos. Esta oração foi feita no dia 27 de abril de 1996.
Eu estava diante do sacrário:  “Jesus, estou diante de vós. Acredito profundamente nesta verdade, que estais aí, no sacramento da Eucaristia. Sei, ó Bom Pastor, que sois o meu Bom Pastor. Tenho experimentado, , uma solicitude, uma ternura da vossa parte que me deixam sem jeito, até envergonhado. Vejo a vossa mão me amparar até mesmo nos meus erros. Não vejo repreensão, não sinto cobranças. Vejo apenas amor, carinho, ternura, amparo. Sei que não mereço. Sei que não é pelos meus méritos, que agis assim. Assim o fazeis, porque me amais apaixonadamente.  Sois o amor.
Jesus, compreendo, profundamente, vossas atitudes. O que não compreendo são as minhas! Por que não sou mais agradecido? Por que não sou melhor? Por que não correspondo mais? Sou tão pequeno para cuidardes de mim, com esta ternura desconcertante,  sou tão insignificante para me dardes tanto valor!
E agora,Senhor, aquele último sinal! Se  vem de vós, é por amor. Eu sei. Mas estou confuso, Senhor; muito confuso! Receio não conseguir dizer sim. Não me posso imaginar em tal situação. Vós me conheceis, ó Bom Pastor!. Para mim está claro que não é este o meu caminho. Mas como duvidar que é um chamado que vem de vós? E se vem de vós, como pode ficar obscuro para mim? Não sei! Perdi meu chão! Lembro-me de Moisés; lembro-me de Jeremias. Mas como comparar-me a estes gigantes da fé? Até este pensamento é imbecil. Eles foram homens de grande intimidade com vosso Pai. Eu me sinto muito pequeno, muito distante, muito imperfeito.
Ficai comigo, Senlhor!, juntinho de mim. Sou uma criança insegura e a cidade está muito movimentada! Segurai minha mão, Senhor! Sede meu Pastor. Se me largais, eu serei atropelado. Dai-me serenidade nesse tempo, ó Bom Pastor! Mas ... prefiro estar enganado. Não gostaria que fosse verdade, o que estou percebendo. Se for, ó meu Amado, que não seja por agora. Que demore a chegar; que demore muito! Preparai-me, Senhor, como preparastes Isaias, purificando os seus lábios. Ainda preciso caminhar muito.
Jesus, meu Bom Pastor, vós me conheceis por dentro e por fora! Sabeis que estou sendo sincero. Ajudai-me!  Estou confuso, embora sinta que nasci para servir. Amém. “
Por causa dessa confiança imensa e intimidade profunda com o Bom Pastor, pelo fato de sentir a cada momento seu amor misericordioso para comigo, posteriormente, já bispo eleito, quando um amigo me perguntou qual seria o meu lema, respondi, sem tergiversar: “A serviço da misericórdia.”
Agora, vocês compreendem por que enumerei os insights, as grandes inspirações e realizações dos meus antecessores e por que quero chegar de mansinho e pisar cheio de reverência o chão sagrado desta admirável diocese.  Os que me precederam foram grandes homens, fizeram coisas maravilhosas. Eu sou um pequeno pastor de ovelhas, mas acredito que o Senhor me enviou até vocês para que, na humildade e simplicidade, eu dê continuidade a tantas maravilhas que o Senhor conseguiu realizar em favor desta já amada diocese de Caratinga, através daqueles que por aqui passaram.
Que possamos educar nossos ouvidos para reconhecer a voz do Pastor. Quem conhece o evangelho, sabe, hoje, distinguir a voz do pastor manso e  humilde, diante de tantas vozes, que ressoam por toda parte, violentas e prepotentes. Que a minha disponibilidade, o meu coração aberto e oblativo, meu desejo imenso de estar a serviço, de ser pai, irmão e amigo de todos e todas, possa encontrar respaldo nas orações incessantes de todos os meus queridos irmãos no episcopado e no sacerdócio, religiosos e religiosas, leigos e leigas consagrados, seminaristas e vocacionados, povo santo de Deus desta  amada Diocese de Caratinga. Louvado seja o Bom e Belo Pastor de todos nós. (Fonte: Diocese de Caratinga)