Pe. Júlio Maria De Lombaerde, SDN
Tem-se escrito muito sobre a eloquência, do ponto de
certas pessoas julgarem que a arte da eloquência consiste em escrever um belo
discurso, em decorá-lo e recitá-lo com firmeza.
A verdadeira eloquência não consiste nisso; ela vem
de mais alto, de mais longe. Para o êxito duas qualidades são exigidas da parte
do pregador e duas da parte do discurso.
I - Da parte
do pregador
O pregador deve estar convicto do que diz e deve
amar as pessoas que o escutam. A convicção
pessoal do pregador é o primeiro elemento do bom resultado na pregação. Tal
convicção se manifesta desde o princípio, pelo tom incisivo e firme, com que se
enuncia o assunto. É preciso lançar a verdade de um só jato, em palavras firmes
e fortemente destacadas.
A convicção dá algo de vigoroso, de penetrante, que
fixa o espírito do auditor e o excita ao desejo de conhecer, mas a fundo, a
verdade.
O amor ao
auditório é o segundo elemento do sucesso. É preciso que o auditor sinta que o
pregador quer fazer-lhe bem.
Trata-se de ganhar os corações e entrega-los a Deus.
Só a caridade sabe descobrir os caminhos misteriosos, que conduzem ao coração.
É sempre eloquente quem quer salvar as almas. É
sempre escutado com satisfação, quem ama. É o segredo da palavra viva e eficaz.
Aí está a magia da eloquência sacra! Que belo exemplo nos oferece São Paulo!
A sua pregação é a efusão de uma alma repleta de
caridade e de verdade, destacando, habilmente, os vícios e os erros das
pessoas, fulminando o mal e estendendo a mão paternal aos que o cometeram.
II - Da parte
do discurso
A
popularidade:
O discurso deve ser popular e claro.
O sacerdote é o homem do povo, e a sua palavra deve
ser compreendida por todos.
A eloquência acadêmica é profanação da eloquência sacra.
O grande modelo a imitar é, e sempre será, a palavra
de Jesus Cristo.
Nunca homem falará melhor do que aquele que mais se
aproximar da linguagem de Jesus Cristo.
A clareza:
É a segunda qualidade do discurso: clareza na
expressão e no sentimento.
O povo nada entende das abstrações especulativas da
razão. É mister conduzí-lo do conhecido ao desconhecido, do sensível da religião
às altas verdades dogmáticas. A palavra clara agrada a todos e faz o bem a
todos, enquanto a fraseologia bombástica diverte alguns espíritos, mas não
penetra no coração.
O tom narrativo é o mais claro e o mais
compreensível para o povo: é uma espécie de dramatização da verdade a expor.
É o método do Evangelho... narra e discute pouco,
expõe, torna a verdade sensível pelas comparações e parábolas e deixa ao
ouvinte tirar a conclusão pessoal.
Preguemos o Evangelho com convicção e amor.
Seja a nossa palavra popular e clara.
E o êxito será esplêndido, ultrapassando toda
expectativa.
(Fonte: O Evangelho das Festas Litúrgicas. Manhumirim: O Lutador, 1952. p. 5-6. )
Ave Maria!
ResponderExcluirQuanta profundidade nos escritos do Pe. Júlio!
parabéns pelo blog e pelo trabalho..
In Cordi Iesu et Mariae semper!