segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Das devoções e de sua escolha

I. Devoções

A respeito das devoções, outra ilusão existe.

Pessoas há que atribuem a tal ou tal devoção um poder ex opere operato, isto é, uma virtude própria que sempre produz seu efeito, como uma determinada planta medicinal tem sua eficácia especial.

A devoção não é isto; é uma disposição da alma, que nos leva a dedicar-nos ao serviço de Deus, pelo cumprimento do nosso dever.

A devoção tem por objeto imediato a própria divindade, sendo objetos mediatos a Santíssima Virgem, os santos, etc., de modo que toda devoção verdadeira nos deve aproximar de Deus e tornar-nos mais decididos no serviço d’Ele.

Entre as devoções mediatas ocupa lugar de destaque a devoção à Santíssima Virgem: é a devoção das devoções.

Pode ela revestir-se de um número infinito de aspectos, conforme os tempos, a situação e as disposições das pessoas.

II. A escolha

Há na Igreja muitas devoções, todas dimanadas do coração dos santos, e muitas vezes, ensinadas por Jesus Cristo ou Maria Santíssima.

Sendo aprovadas pela Igreja, Mestra infalível da verdade, todas elas são boas, santas e santificantes, em geral; nem sempre, porém, se adaptam às situações ou disposições particulares de cada um.

Não se podendo adotar tudo, impõe-se a necessidade de uma escolha judiciosa.

Em tal escolha, é preciso procurar principalmente a santificação pessoal ou a alheia.

Tanto melhor é uma devoção, quanto mais nos ajude a santificar-nos e a glorificar a Deus. Não é o sentimentalismo que devemos consultar; é o bem da nossa alma.

Examinando a devoção à Mãe de Jesus, encontramos um número quase incalculável de invocações. Maria Santíssima é uma só, mas é invocada sob centenas de títulos, sendo cada título a expressão de um privilégio seu, de alguma virtude ou ofício.

Para os que sofrem, Ela é Nossa Senhora das Dores.

Para os pecadores, é refúgio dos pecadores.

Para os desesperados, é a Mãe da misericórdia.

Para as criancinhas, é a Mãe da bondade, a Rainha das Virgens, e nos tempos de perturbação, Ela é a Rainha da paz.


Pe. Júlio Maria de Lombaerde

Em "O Segredo da Verdadeira Devoção à Virgem Maria"

Nenhum comentário:

Postar um comentário