4 – Fundação e desenvolvimento da Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria.
Em Macapá, preocupado com tantas crianças abandonadas e "tanta inocência perdida" (o abuso sexual contra menores não é de hoje, infelizmente); sofrendo com tanta infelicidade precoce, Pe. Júlio resolveu arranjar Irmãs que cuidassem da educação e formação geral dessa meninada. Bateu em muitas portas, mas não encontrou nenhuma Congregação feminina que pudesse ir para lá. Então, de repente, veio-lhe a idéia de que, se nenhuma Congregação podia ir para lá, por que não fundar uma Congregação nova, com gente de lá mesmo? Havia uma pobreza enorme de pessoal, mas "para Deus nada é impossível" - pensava o Pe. Júlio. Daí nasceu a Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria. Era o ano de 1916. Por enquanto, as Irmãs formavam um Pio Sodalício, mas com ideal definido, "Constituições" e regra de vida escritas pelo Pe. Júlio, que se transformou em "mestre espiritual", que vivia, juntamente com aquelas primeiras candidatas à vida religiosa, uma espiritualidade forte, fortemente marcada pelo Coração de Maria. A Congregação seria um dia aprovada pela Santa Sé, mas até lá, muito sofrimento, muita incompreensão. Por causa da sua ousadia, Pe. Júlio teve de sofrer muito. "Foi crucificado vivo", diz um de seus biógrafos. Ele não se queixava, não costumava desabafar. Mas, informações posteriores à sua morte, afirmam que, naqueles anos, sua vida se transformou num verdadeiro martírio, apesar do desenvolvimento da Congregação. Talvez como um preço disso mesmo.
Aos sofrimentos morais, acrescente-se a morte de uma das Irmãs, doenças de outras, doença do próprio Fundador que teve de ficar um ano e meio de repouso por causa da sezão e de feridas grandes e graves numa das pernas. Pe. Júlio, porém, interpretava tudo isso como fatos e provações providenciais, que serviam para a formação das suas religiosas. Na medida mesmo desses padecimentos, ia florescendo, como nunca, o amor a Jesus sacramentado, o espírito de oração e o amor ao sacrifício. Foi dentro dessa situação que nasceu uma alma santa, filha do coração abrasado do Pe. Júlio Maria e que foi uma bênção para a jovem Congregação: a Irmã Celeste. Viveu apenas dois anos dentro da comunidade religiosa, mas deixou um exemplo de espiritualidade inapagável, de amor e sacrifício, de doação de si, de generosidade e fortaleza. O Pe. Júlio atribuía à intercessão da Irmã Celeste a cura miraculosa das feias feridas, que nenhum remédio conseguia sarar, de sua perna. Cura efetuada da noite para o dia. Literalmente, da noite para o dia, depois de recorrer fervorosamente à intercessão de sua querida filha espiritual.
De qualquer maneira, uma epidemia de febres assolou Macapá, matando em poucos meses, várias irmãs e alunas do Colégio. Por causa disso, decidiu-se mudar as Irmãs e o Colégio de Macapá para Pinheiro, a 36km de Belém. Colégio e Congregação se desenvolveram e três anos depois, já podiam viver por conta própria, já não precisavam tanto do Fundador fisicamente junto delas. Desde então, o Pe. Júlio resolveu concluir seus planos: fundar uma Congregação masculina de padres e missionários. Conseguiu, com muita luta e paciência, a necessária autorização do Conselho de sua Congregação de origem e começou a dedicar-se mais integralmente aos planos da nova obra. Buscou um Bispo que acreditasse nele e na obra que queria fazer. Encontrou Dom Carloto Távora, Bispo de Caratinga, MG, e rumou para o Sul. Com viagem marcada e tudo preparado, eis que seu Superior lhe pede que fique um tempo no Nordeste, em Alecrim (Natal, RN), de onde se transferia o Pe. Theodoro Kok para Pinheiro, que iria cuidar da Congregação fundada pelo Pe. Júlio Maria. Sempre obediente, Pe. Júlio permaneceu em Alecrim, na paróquia, de setembro de
(Este texto é uma resenha e um rearranjo do livro “Pe. Júlio Maria, sua vida e sua missão”, de Dom Antônio Afonso de Miranda, sdn, o primeiro religioso da Congregação do Pe. Júlio Maria escolhido para ser bispo, hoje Bispo Emérito de Taubaté, SP, e que foi o primeiro biógrafo do seu Fundador.)
As biografias dos Santos, que costumamos ler para revigorar nossa caminhada, são sempre causa de arrepios, diante de tamanha perfeição na humildade, na doação, nas virtudes em geral.
ResponderExcluirE foi justamente isso que senti ao ler esse pequeno trecho! Exala santidade!
Em Nosso Senhor e na Madre Igreja,
Fernando
Pro Catholica Societate
Caríssimo Fernando,
ResponderExcluirE isso não é "nada"! Espere só os próximos capítulos, de quando o Revmo. Padre Fundador chega à Manhumirim: lá a santidade dele se derrama por completo!
Em Cristo e no Apostolado,
-Pro Catholica Societate-