6 – Atividade paroquial do Pe. Júlio Maria; Fundação das Congregações Sacramentinas
Pe. Júlio era um homem diante do qual a gente tinha de tomar posição. A favor ou contra. Os paroquianos se entusiasmaram com o novo vigário. A Igreja encheu-se de fiéis. Cresceu a vida sacramental, sobretudo a vida eucarística. Organizou-se a Liga Católica para os homens, foi infundida vida nova às Filhas de Maria para as moças, à Congregação Mariana para os rapazes ou adultos de sexo masculino, os Vicentinos foram grandemente estimulados. Pe. Júlio fundou a Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora. Depois, a Congregação das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora, pensando especialmente na educação da juventude feminina, na preparação das mães de família. Com o tempo, pensando no atendimento à saúde da população carente, juntamente com os Vicentinos, construiu o Hospital S. Vicente de Paulo. Diante da necessidade de preparar a juventude masculina para um catolicismo mais sólido e uma vida sócio-política mais consciente, fundou o Colégio Pio XI, que marcou época, não só na cidade, mas em ampla região, tendo mantido durante muitos anos um internato famoso, com alunos que vinham da redondeza, mas também do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Mais tarde ainda, fundou um Patronato Agrícola, uma casa de Aprendizado Doméstico e deu todo apoio aos Vicentinos na fundação e manutenção de um Asilo para inválidos.
Enquanto isso, entregava-se de corpo e alma à paróquia, à formação dos seminaristas e religiosos de sua Congregação, assim como, com a colaboração da Co-fundadora das Irmãs Sacramentinas, a Madre Beatriz Frambach, ia trabalhando incansavelmente na formação e desenvolvimento da nova Congregação feminina, que vicejava com força invejável, com frutos de piedade e santidade admiráveis.
Para homens como o Pe. Júlio Maria não faltam amigos nem adversários. Sua ação em Manhumirim não podia deixar de ter repercussão política. Fizeram tudo para envolvê-lo em lutas partidárias. Pe. Júlio não apenas não tinha ambições políticas, no sentido de poder e influência direta na condução da sociedade, mas só usava sua força em defesa dos interesses religiosos de seus fiéis. Mesmo assim, os Partidos se dividiram diante dele. Houve ameaças de todo o tipo e tentaram assassinar o Padre, num domingo, dentro da própria igreja.
Essas coisas, porém, não abalavam o Pe. Júlio, que parecia ter nervos de ferro. Nunca o víamos exaltado ou dando mostras de preocupação por causa dessas coisas. A vida, no Seminário, na Paróquia, na residência e no Colégio das Irmãs, continuava igual. A agitação ficava do lado de fora e passaria. Embora os mais informados soubessem que nem tudo estava num mar de rosas. As Irmãs sobretudo, com sua sensibilidade feminina, sofriam muito. Os políticos se agitavam e sempre que podiam, buscavam o apoio do padre. Se não conseguiam ou se encontravam resistência (o Pe. Júlio apoiava sempre os católicos - aqueles que ele julgava bons católicos), punham-se contra ele. O vigário jamais usava o púlpito para fazer campanhas partidárias ou pessoais.
De qualquer modo, o Fundador tinha o apoio indefectível de Dom Carloto, sempre firme, decidido, apesar de silencioso. Isto trazia ao vigário muita tranqüilidade. Mas em 1933, Dom Carloto morre no Rio. Pe. Júlio Maria fica sem sua cobertura tão importante. O sucessor do amigo, Dom José Parreira Lara, era também um homem de Deus, e embora tenha vindo para a Diocese de Caratinga trazendo na bagagem muitas denúncias e queixas contra o Pe. Júlio e sua Congregação, não pôde deixar de exclamar, depois da primeira visita ao Seminário de Manhumirim: "O dedo de Deus está aqui!"
(Este texto é uma resenha e um rearranjo do livro “Pe. Júlio Maria, sua vida e sua missão”, de Dom Antônio Afonso de Miranda, sdn, o primeiro religioso da Congregação do Pe. Júlio Maria escolhido para ser bispo, hoje Bispo Emérito de Taubaté, SP, e que foi o primeiro biógrafo do seu Fundador.)
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