III. A Santa Escravidão
Precisamos de todos estes títulos, por serem a expressão das necessidades dos cristãos; mas precisamos sobretudo daqueles títulos, que nos estimulem na luta contra os inimigos da alma.
Hoje em dia um sopro de sensualidade e de independência perpassa pelo mundo, ameaçando fazer ruir tudo, desde as instituições seculares, nacionais e universais, até as virtudes do mésticas e pessoais mais sagradas.
Perante este vendaval de revolta e lamaçal de impureza precisamos de uma devoção a Maria Santíssima, que é pureza ideal e submissão perfeita; precisamos de um meio que nos arranque às seduções da independência e da carne.
Devoção assim parece ser a que nos legou o grande coração e o zelo intrépido de São Luís Maria Grignion de Montfort, que a intitulou: “Santa Escravidão”.
A escravidão é um estado de rebaixamento da dignidade humana. A palavra Santa, porém, corrige a dureza do nome, elevando o estado às alturas da virtude sublime, que chamamos a sujeição total de nós mesmos a Deus, ou abnegação.
É esta dependência total, que forma a base de toda a perfeição e que o santo indica como segredo de santificação.
Tal devoção, diz ele, é um segredo que relativamente poucas pessoas hão de descobrir, e que de fato poucos descobrem, porque somente um pequeno número tem a coragem de pôr em prática a doutrina em que ela é baseada.
IV. O segredo
O motivo desta incompreensão é o seguinte:
Em geral as pessoas piedosas consideram a devoção a Virgem Santíssima como exclusivamente afetiva, tendo só em vista as consolações que dispensa.
O espírito encontra na Mãe de Jesus tantas perfeições e belezas, tantas grandezas e tanto amor, que a imaginação fica como deslumbrada...
O entusiasmo apodera-se da nossa alma, nos faz exaltar as suas grandezas e cantar suas glórias, ao ponto de nos fazer esquecer que “o resumo da religião consiste em imitar o que honramos”, como diz Santo Agostinho.
É uma devoção incompleta, falta-lhe a prática.
São Luís Maria Grignion de Montfort, querendo estabelecer uma devoção efetiva, e não somente afetiva, não receia empregar um termo duro para nossos ouvidos comodistas, mas que exprime a verdade salientada: a Santa Escravidão de Jesus em Maria.
A Santa Escravidão não consiste em palavras e afetos, mas na abnegação de nós mesmos, na dependência da vida, da vontade e dos sentidos, em outros termos: na prática decidida da virtude.
Assim considerada, a Santa Escravidão é um verdadeiro exercício de perfeição, e, como diz São Luís Maria Grignion de Montfort, uma Verdadeira Devoção.
Os sentimentalistas nada compreenderão da exposição deste segredo. Para eles tudo será e ficará um segredo.
Só quem puser as mãos à obra e procurar assimilar o espírito desta devoção e reduzi-lo à prática terá a felicidade de descobrir o segredo, de aproveitá-lo para a sua santificação.
V. Apresentação
O presente livro é um comentário da doutrina exposta por São Luís Maria Grignion de Montfort em seu livro: “Tratado da Verdadeira Devoção”.
Procuramos explanar, esclarecer e, aplicar seus ensinamentos, onde o julgamos oportuno, para melhor destacar sua importância e prática.
Almas queridas da Santíssima Virgem, que sentis necessidade de amar sempre mais esta Mãe querida e por Ela a Jesus, é para vós que este livro foi feito.
Almas frívolas nada compreenderão da doutrina e das práticas aqui expostas. Para estas tudo isso será um enigma.
Para as almas piedosas será um tesouro, onde encontrarão riquezas para si próprias e luz para o coração.
Todo este livro não é mais que a explicação da obra de São Luís Maria Grignion de Montfort.
Esta obra, que já levou tantas almas aos pés da Virgem Imaculada, continuará, por nosso intermédio, o seu fecundo apostolado.
É apoiado sobre ela e escondido sob sua sombra que nosso livro irá mais confiante às almas piedosas, e lhes falará com mais penetração e autoridade.
Caro postulante Matheus
ResponderExcluirAnos atrás li algumas paginas de um livro do Pe, Júlio Maria, no qual ele se referia à lei circular do amor. Será este que está sendo publicado, "O Segredo..."?
Espero que seja publicado na íntegra. Meu email para contato: affgarcia@uol.com.br
André F. Falleiro Garcia
Prezado André,
ResponderExcluirPesquisei a obra "O Segredo da verdadeira devoção". De fato, o Pe. Júlio Maria discorre sobre o princípio teológico da "Lei circular".
Segundo ela, "Tudo procede de Deus. Tudo deve voltar para ele".
Então, talvez possa ter sido mesmo nesse livro que o sr. leu sobre isso. Entretanto, desconheço se ele discorre sobre o assunto em outros livros. Mas procurarei saber com alguns sacerdotes sobre isso.
Certamente que nossa intenção é publicar "O Segredo..." na íntegra. Embora, a passos lentos, porque ainda temos os "Comentários Apologéticos", e nossos estudos acadêmicos nos tomam tempo demasiado.
Obrigado pela visita.
Em JMJ,
Matheus
-Pro Catholica Societate-