segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Sua memória é, para mim, ainda agora, a de um vivo"

Apresentamos o prólogo do livro "Pe. Júlio Maria, testemunho de uma nova Igreja", de autoria de Dom Antônio Affonso de Miranda, sdn. Dom Miranda foi o primeiro Superior-Geral eleito da Congregação, e o seu primeiro padre eleito ao Episcopado. Conviveu longos anos com o Fundador, sendo testemunha pessoal de várias histórias. Vale a pena conferir.

***

Prólogo

Dom Antonio Affonso de Miranda,  SDN.
Bispo Emérito de Taubaté-SP
Há cem anos, ele nasceu. Terá ele morrido, de fato?

Até hoje, trinta e três anos após o seu sepultamento, não me conformo em pensar que ele tenha morrido. Sua memória é, para mim, ainda agora, a de um vivo.

Talvez porque ele marcou muito profundamente a minha adolescência e minha mocidade, seus traços ficaram indeléveis em meu espírito. Não é um morto. É um vivo que apenas se ausentou.

Tal é para mim o Pe. Júlio Maria De Lombaerde, grande missionário, grande Padre, que viveu em Manhumirim seus últimos anos, na década de quarenta.

Quero fazer um retrospecto de memória, para os que dele ouviram falar e também os que não o conheceram. Gostaria de evocar, bem vivo, em quadros da história, a sua personalidade, como eu a conheci e admirei. Gostaria que os amigos de seus filhos e filhas espirituais, e principalmente estes e estas, pudessem dizer comigo: “Ele está vivo. Ele não morreu. Nos seus cem anos, ele reaparece redivivo e imortal, nesta Igreja para a qual ele trabalhou e sofreu”.

Há muitos anos, após a morte deste grande sacerdote, escrevi-lhe a biografia. Um pálido ensaio daquilo que devia ser, de fato, a sua História.

Mas um livro tão volumoso, como aquele, publicado em 1947, ninguém gosta de ler. Veio-me então a idéia de fazer reviver o meu biografado em quadros rápidos, que o apresentam como ele foi e como o conheci e como se me afigura que continua a ser agora.

Não é, espero, a repetição do que escrevi no passado. Não.

Como se vivo hoje ele estivesse, atuando nesta Igreja que ele tanto amou, eu gostaria de apresentá-lo a meus irmãos e irmãs, para dizer-lhes: “Ei-lo. Ele está presente. Ele caminha diante de nós”.

Na própria dimensão histórica, o homem pode ser considerado sob duplo aspecto: pelo que realizou em seu tempo e pelo que dele se projeta em épocas posteriores.

Quando o Pe. Júlio Maria morreu, falou-se no que ele fez e deixou como marca de seu tempo. Agora, muitos anos passados, percebe-se que a sua obra tinha um sentido mais extenso e duradouro. Ele era portador de um carisma, de um dote, que não era dele, e sum da Igreja a que servia. Este Dom que o Senhor lhe deu não se estreitou no pouco mais de meio século em que ele viveu. Projetou-se para muito além. Ele apenas começou a construir uma Igreja, que naquele tempo não se podia entrever, e que se manifesta hoje, a cada dia, na continuação de sua obra.

É este Pe. Júlio Maria que aparece redivivo na Igreja atual, agora, quando se comemora o seu centenário.

Ele está vivo. É preciso reencontrá-lo. Para caminhar com ele, na esperança, na coragem, na fé, no entusiasmo de fazer a Igreja viver numa fase das mais gloriosas de sua história.

Campanha, festa de S. José, 19 de março de 1978.

+ Antônio Affonso de Miranda, SDN


Fonte: Miranda,sdn, Dom Antônio Affonso de. Pe. Júlio Maria, Testemunho de Uma Nova Igreja. Belo Horizonte: O Lutador, 2ª Edição. Pág. 3-4.

2 comentários:

  1. Olá Frater:

    Meu nomé é Emílio e sou da Diocese de Taubaté.
    Dom Antonio me encarregou da missão de encontrar uma cópia do livro Padre Júlio Maria testemunho de uma igreja.
    Dom Antonio não tem mais nenhuma cópia do livro e pretende fazer uma revisão do texto para publicar nova edição.
    Onde eu poderia encontrar uma cópia do livro para ele?
    Agradeço muito pela sua ajuda.

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    1. Meu email é emiliocarlos@yahoo.com.br
      Dom Antonio e eu agradecemos.

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