![]() |
Dom Antonio Affonso de Miranda, SDN. Bispo Emérito de Taubaté-SP |
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
"Sua memória é, para mim, ainda agora, a de um vivo"
sábado, 26 de fevereiro de 2011
[Comentários Apologéticos]A liberdade da alma
1º Domingo depois da Epifania (Segundo a forma extraordinária do Rito Romano)
Evangelho: Lc 2,42-52
42. Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa.
43. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem.
44. Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos.
45. Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele.
46. Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.
47. Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas.
48. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.
49. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?
50. Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera.
51. Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração.
52. E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens.
Comentário Apologético
O Evangelho do domingo passado nos deu ocasião de falar da imortalidade da alma; o de hoje vai mostrar-nos a liberdade desta alma.
A narração evangélica nos mostra a vida suave e escondida de Nazaré, deixando apenas entrever a vida submissa de Jesus.
Um raio de luz vem, entretanto, iluminar esta vida calma e mostrar-nos a liberdade com que Jesus agia: É a sua ida a Jerusalém com Maria e José, o seu desaparecimento, o seu encontro no meio dos doutores, a sua veneração para com seus pais e, enfim, o seu crescimento em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens.
Vimos Jesus agir, inspirado pela vontade de seu Pai, sem paixão que o perturbe, sem medo que o faça parar, seguindo em tudo a voz de seu Pai a qual lhe ditava a sua consciência.
Nós também somos livres, temos diante de nós o bem e o mal: o primeiro para fazê-lo, o segundo para fugir dele.
Tal liberdade é muitas vezes mal compreendida, por isso vamos meditar hoje:
1° As provas da liberdade da alma.
2° Em que consiste tal liberdade.
São noções simples, mas que nos darão uma idéia clara das exigências da liberdade e da necessidade de aproveitá-la para a virtude.
I – Provas da Liberdade
Entende-se por liberdade ou livre-arbítrio a faculdade que o homem tem de fazer ou não fazer um ato, ou de escolher uma coisa em preferência a outra.
Toda vontade que pode determinar-se em sua escolha, produzir um ato ou abster-se dele, é livre.
Existe a liberdade física ou exterior, e a liberdade moral ou liceidade.
O homem é livre, antes de agir, pela escolha do ato que pretende fazer.
É livre enquanto age, podendo continuar, interromper ou deixar o ato começado.
É livre também depois de agir, conservando a consciência de ter agido livremente; felicitando-se ou censurando-se do ato feito.
Os adversários desta grande verdade chamam-se fatalistas ou deterministas.
Os fatalistas atribuem tudo ao destino ou acaso.
Os deterministas pretendem que o homem se determine pelas leis da natureza em geral e as da sua natureza em particular.
***
Tais aberrações dissipam-se diante da dupla prova da liberdade humana, que é o nosso sentimento íntimo, e a conduta do gênero humano.
Nós Sentimos perfeitamente que somos livres.
Sentimos em nós um desejo irresistível da felicidade: este desejo é da natureza, e não é livre, mas sentindo um desejo de dar um passeio, de ler, de escrever, sentimos que podemos fazer isto ou não fazê-lo, conforme a nossa vontade.
O gênero humano, por sua vez, prova tal liberdade, pois todas as nações, mesmo as selvagens, são regidas por certas leis, e uma sanção é imposta aos transgressores de tais leis.
Ora, se o homem não é livre de fazer e não fazer, para que impor-lhe leis? Para que recompensar a fidelidade a lei e castigar a transgressão?
Não se dão leis, nem se recompensa, nem se ameaça de castigar uma máquina, pois esta faz necessariamente o serviço para o qual foi construída.
Os maiores criminosos sabem muito bem que são responsáveis porque eram livres... e a qualquer um deles, se ele alegar a cólera, o ódio ou outro vício, podemos responder: Era preciso resistir, pois eras livre!
II – Em que consiste a liberdade
O homem, no estado atual, pode fazer o bem ou o mal. Digo que pode, isto é: tem a liberdade, porém, não tem o direito de fazer o mal, e tem o dever de fazer o bem.
Isto é tão claro que, quando faz o mal, ele sente em si o remorso, e quando faz o bem, experimenta uma satisfação íntima.
A essência da liberdade consiste inteiramente na potencia ativa de escolher entre duas coisas boas, e não em escolher entre o bem e o mal.
O homem tem o poder de fazer o mal, mas não tem o direito de fazê-lo.
Jesus Cristo possui a plenitude da liberdade, mas não pode fazer o mal.
Maria Ssma. Gozava desta mesma plenitude, embora fosse confirmada em graça e não pudesse fazer o mal.
Deus é soberanamente livre em tudo o que faz, entretanto a sua perfeição infinita esbarra diante da impotência absoluta de escolher o mal.
Temos pois a distinguir a verdadeira liberdade que se exerce na esfera da honestidade e do bem, supondo sempre a ordem e a lei, em outros termos: é o direito de cumprir o seu dever.
A falsa liberdade é aquela que se exerce sob o império das paixões, na independência e na desordem. – Pode-se defini-la: o pretenso poder de fazer o mal.
É o estado atual em que nós nos encontramos neste mundo: temos a triste liberdade de fazer o mal, mas não temos o direito de usar desta liberdade.
III – Conclusão
Temos, pois, diante de nós, o bem e o mal; isto quer dizer que há ações boas e ações más.
Distinguimos estas ações por meio de uma voz interior que está em nós, e que chamamos de consciência. Tal voz está encarregada por Deus, de dizer-nos: isto é bem, isto é mal.
Às vezes as paixões e preconceitos falsificam a consciência ao ponto que em um caso particular, ela tome o mal pelo bem, entretanto nunca podem fazer desaparecer a distinção que separa as ações boas das más.
Podemos distinguir tais ações pela conformidade ou oposição de um ato com as leis de Deus: umas gravadas no fundo do nosso coração, que chamamos lei natural; e cuja voz é a consciência; outras promulgadas exteriormente por Deus, e chamadas: lei escrita. É o Decálogo ou dez mandamento da lei de Deus.
Exemplos
I – Uma palavra de Napoleão
Os fatalistas negam a liberdade ou livre-arbítrio do homem, sob pretexto de que o porvir está regulado com precisão, nas previsões divinas e que o que “está escrito escrito está”.
Um dia falaram diante de Napoleão desta fatalismo dos muçulmanos.
O imperador respondeu: Os próprios turcos nem acreditam nisso, senão como teriam médicos entre eles, ou pelo menos curandeiros?
Quanto aos que habitam no terceiro andar de uma casa, tendo de sair, não se dariam ao trabalho de descer pela escada: lançar-se-iam logo pela janela abaixo: é mais curo, e se o que deve acontecer, acontece fatalmente, a janela não é mais perigosa do que a escada.
II – Um dissabor de Lombroso
O fatalista Lombroso, tornou-se conhecido pela sua teoria do criminoso nato.
Conforme esta opinião, um criminoso está ferreteado para o crime desde o seu nascimento por particularidades físicas de sua natureza.
E Lombroso acreditava nisso, como até nossos dias, há gente que nisso acredita.
O pobre Lombroso passou um dia por um dissabor apertado.
A opinião pública ficou indignada pelo crime de um assassino famoso.
Fotografias de mãos humanas foram publicadas pelos jornais, como sendo do criminoso.
Lombroso quis estudar o caso, e demonstrou doutoralmente, pelo afastamento dos dedos, pela forma das unhas e falanges, por certas diferenças entre as duas mãos, que o assassino estava predestinado ao crime, e não tinha liberdade de afastar este destino: havia de ser assassino.
Pouco depois foi demonstrado que tais fotografias eram das mãos de um bom e honesto operário, estimado por todos...
Foi um aplauso de gargalhadas em honra de Lombroso.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
O Segredo da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria [IV]
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
[Comentários Apologéticos]A imortalidade da alma
Domingo da Epifania (Segundo a forma extraordinária do Rito Romano)
Evangelho: Mt 2,1-12
1. Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém.
2. Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.
3. A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele.
4. Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo.
5. Disseram-lhe: Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta:
6. E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo(Miq 5,2).
7. Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido.
8. E, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo.
9. Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou.
10. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.
11. Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra.
12. Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.
Comentário Apologético
Jesus havia nascido em Belém, numa gruta abandonada, deitado numa manjedoura de animais.
Ele esconde a sua majestade e abaixa sua grandeza, enquanto os anjos o aclamam e uma estrela resplandecente convida os reis magos a irem adorar o Rei recém-nascido.
Os reis do oriente, tendo encontrado este Rei misterioso, cujo trono é uma manjedoura e cuja púrpura são uns paninhos de pobres, prostram-se, adoram-no e lhe oferecem os seus presentes: ouro, incenso e mirra.
O ouro exalta a realeza do menino. O incenso proclama a sua imortalidade. A mirra significa a sua humanidade.
Deus é o grande, o supremo Imortal.
Os homens participam desta prerrogativa, pela sua alma, criada à imagem e semelhança de Deus. Consideremos esta prerrogativa de nossa alma, examinando:
1º A natureza da imortalidade.
2º As provas desta imortalidade.
Estas considerações nos farão compreender melhor a grandeza do homem e a sublimidade de seu destino.
I – A natureza da imortalidade
Chama-se imortalidade da alma a prerrogativa de que é dotada de não morrer.
Tudo o que é material está sujeito à lei da corrupção ou decomposição.
A nossa alma, sendo simples, espiritual, sem nenhuma composição, não pode estar sujeita a esta lei; a sua espiritualidade conduz logicamente à idéia da sua permanência depois da morte natural.
O que chamamos morte, não é o aniquilamento, é uma decomposição ou dissolução, palavras que indicam uma separação de partes.
A alma, não tendo partes, não está pois sujeita à morte. Cícero, apesar de pagão, tem a este respeito uma frase sublime, nos Tusculanos l. 1. 29.
“A alma, diz ele, é necessariamente uma substância muito simples, sem mistura, sem composição, sem elementos diversos. Segue-se daí que não se pode nem dissolve-la, nem dividi-la, nem rompe-la, nem quebra-la. É pois imortal, porque a morte não é mais que a separação das partes que antes estavam ligadas”.
Na própria natureza da alma, encontramos já uma prova da sua imortalidade.
Todos nós experimentamos o desejo de uma felicidade que não podemos alcançar aqui na terra.
Ora, Deus não pode infundir na alma desejos irrealizáveis, senão seria uma oposição em sua própria obra.
É preciso pois que na outra vida, na sobrevivência possamos alcançar esta felicidade que não encontramos neste mundo.
O homem está em marcha para o infinito que persegue sempre, mas que sempre lhe escapa.
Ele concebe, sente este infinito, trá-lo dentro de si: daí provém este instinto de imortalidade, esta esperança universal de uma outra vida, que exprimem todos os cultos, todas as poesias, todas as tradições.
Se assim não fosse, a maior das criaturas estaria maltratada: seria até um monstro eterno, pois nunca chegaria à perfeição de seu estado e de suas aspirações.
II – Provas da sua imortalidade
A alma, não podendo ser decomposta, podia ser aniquilada. Isto, porém, não é concebível. Aniquilar e criar são dois atos iguais.
Para aniquilar a alma, Deus deveria exercer um ato positivo de sua divindade.
Ora, na natureza não encontramos um único exemplo de aniquilamento. Nada é aniquilado, mas simplesmente transformado.
O corpo do homem, o dos animais, mesmo as plantas são simplesmente dissolvidos, transformados, mas não aniquilados.
Aliás a semelhante aniquilação se opõem a sabedoria, a justiça e a veracidade divinas.
Deus, em sua sabedoria infinita fez a nossa alma imortal em sua natureza, pois tudo o que é espiritual é eterno. Ele fez esta alma a sua imagem e semelhança, sendo ele o Imortal.
A alma, sendo superior ao corpo, deve ter um destino que seja superior a este.
Ora, o nosso corpo não será aniquilado: nem um de seus componentes voltará para o nada, mas será apenas separado dos outros elementos.
Ora, se a alma morresse, a sua sorte seria menos nobre que o de seu inferior, o que repugna a sabedoria de Deus.
***
Deus é infinitamente justo, e esta justiça exige que o mal seja punido e o bem recompensado.
Ora, a alma não encontra neste mundo a sanção do bem que faz, nem o mal que comete. É preciso pois que haja uma outra vida, onde triunfe a justiça divina... e esta outra vida exige a imortalidade da alma.
***
Deus é verdadeiro, e este Deus não somente nos faz aspirar à imortalidade, mas nos obriga a crer nela. A ressurreição da carne, a vida eterna, são dogmas sagrados da nossa fé.
Logo, tal imortalidade existe, claramente ensinada pelo próprio Deus.
III – Conclusão
As consequências práticas da crença na imortalidade da alma são o que mais fortifica e estimula a vida. Esta crença nos consola no meio dos sofrimentos da vida. Ela é um estímulo constante na aquisição de méritos e de virtudes.
Ela conserva o homem numa nobre dignidade, inspirando-lhe o respeito a si mesmo.
Com este dogma da imortalidade, a infelicidade é consolada, a virtude excitada, o vício reprimido, a providência justificada, o homem e o mundo moral estão explicados.
Basta deste dogma para formar grandes homens, elevar as grandes virtudes, aceitar grandes sacrifícios para Deus, para a religião e para a sociedade... enquanto que suprimir este dogma, seria suprimir toda a religião, toda virtude, todo dever!
Deus não morre, exclamava Garcia Moreno.
A alma também não morre, devemos ajuntar.
Ambos são imortais, porque a segunda é feita à imagem do primeiro.
EXEMPLO
1 – A lição do tic-tac
Um professor católico de Belfort quis dar a seus alunos a idéia da imortalidade da alma. Procurou um meio de tornar sensível à inteligência infantil esta verdade: que a morte do corpo não tira a vida da alma.
Tirou o seu relógio da algibeira e chamando os meninos, lhes disse: Escutem como o relógio faz tic-tac, e como ele está numa caixa de ouro.
Todos escutaram e admiraram o relógio. Então o professor tirou o mecanismo da caixa e conservando cada uma das peças em mão diferente, perguntou: Qual dos dois é o relógio.
- É a parte que faz tic-tac, responderam estes.
- Pois bem, estão vendo que a caixa, separada do mecanismo, tornou-se muda, enquanto o relógio continua a andar, embora separado de seu invólucro, a caixa. Assim acontece conosco.
A morte separa a alma do corpo, então o corpo torna-se mudo, a alma, porém, privada de seu invólucro, o corpo, continua a existir e a agir.
A comparação, sem dúvida, é muito imperfeita, mas os meninos compreenderam assim perfeitamente a verdade de tal modo provada.
2 – O martírio do Anamita
Nas últimas perseguições que assolaram a cristandade de Tokyo, um jovem cristão de 17 anos, chamado Moï, excitou a admiração dos próprios pagãos pelo heroísmo da sua constância.
-Pisa este crucifixo e renega a tua religião, bradou-lhe o juiz, e te darei $ 100,00!
-Excelência, não basta.
-Pois bem, eu te darei $ 500,00.
-Não basta ainda!
-O que?... pois bem, darei $ 1.000,00.
-É barato demais, Excelência!
O juiz, estupefato pela calma do cristão, perguntou-lhe nervoso: mas, então, quanto queres?
-Excelência, se queres que eu perca a minha alma, pisando o crucifixo e renegando a minha religião, dai-me bastante dinheiro para comprar uma outra alma imortal.
E o valente anamita marchou para o suplício com o sorriso sobre os lábios, deixando juiz e algozes boquiabertos de tanta coragem.
É que o anamita compreendia o que é uma alma imortal.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
A autoridade suprema de Pedro
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Brado Heróico
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Chegada do Pe. Júlio à Manhumirim, narrada pelo seu antecessor.
Apresentamos os registros históricos da chegada do Pe. Júlio Maria à Manhumirim, para assumir a paróquia e fundar a Congregação, escritos pelo seu antecessor. Trata-se de um pequeno trecho do livro do tombo da Freguesia de Manhumirim, anotados pelo Pe. Frederico de La Barrera, 5º cura de Manhumirim.
“Sou sucedido na freguesia pelo virtuoso e inteligente Pe. Frey Júlio Maria, apóstolo dos índios no norte do Brasil e pertencente à congregação religiosa da Sagrada Família, e fundador aqui em Manhumirim da congregação, exclusivamente brasileira, dedicada a paroquiar, dos Padres de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, passando em minha companhia os quinze dias anteriores a tomada de posse realizada hoje, oito de abril de mil novecentos e vinte e oito.
Durante estes dias, pude verificar que o meu digno sucessor, com melhores predicados de piedade e ciências eclesiásticas do que as minhas qualidades, promoverá o progresso espiritual da minha estimada freguesia, esperando de tão digno sucessor peça a Deus por mim e perdoe as minhas faltas.
Ao Sr. Bispo diocesano, D. Carloto Fernandes da Silva Távora, fico gratíssimo pelo favor de pedir-me, com sacrifício, deixar a paróquia, para estabelecer aqui esta Congregação.
Não com sacrifício, senão com entusiasmo, deixei a freguesia para o bem espiritual de Manhumirim e da diocese de Caratinga.
Manhumirim, oito de abril de 1928.
Pe. Dr. Frederico de La Barrera, vigário”
“O Pe. La Barrera era muito distinto no trato com as pessoas. Era um cavalheiro. É o testemunho dos que o conheceram e com ele trataram.” “Pelas pesquisas que fizemos, historiamos que essa igreja-monumento [a Matriz de Manhumirim] foi iniciada, praticamente, em dezembro de 24; que o Pe. La Barrera foi o promotor da construção e, no seu paroquiato, é que se demoliu a antiga.” (Pe. Demerval A. Botelho, sdn)
Pe. Frederico de La Barrera, antecessor do Padre Júlio Maria na cura das almas de Manhumirim
Fonte: BOTELHO, sdn; Pe. Demerval Alves. História de Manhumirim, Município e Paróquia. II Volume (1924-1947). Belo Horizonte, O Lutador, 1989. Págs. 163-166.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
O Dom Eucarístico
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Saudação ao Povo de Deus na Diocese de Caratinga
Ainda me encontro como que cansado de uma longa viagem, com a cabeça meio confusa no turbilhão dos últimos acontecimentos, em nível eclesial com o telefonema do Sr. Núncio Apostólico, falando da minha nomeação pelo Santo Padre para bispo da Diocese de Caratinga (dia 26 de janeiro, de manhã) e pedindo meu assentimento: e, em nível diocesano, nesta mesma noite, em que fiquei sem dormir, a notícia, antes das 6 h, da morte de um padre do meu presbitério, depois de um longo sofrimento com câncer. Neste tempo “pai” e “filho” sofrem juntos, não é mesmo?!
Na verdade, um “anúncio” (uma nomeação) pode tirar o chão, onde a gente está pisando. Dois, deixam a gente perturbado. Mas não foi perturbação semelhante, que a Santíssima Virgem Maria sentiu, diante do inesperado anúncio do Arcanjo Gabriel? “Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação” (Lc 1, 29). O Arcanjo consolou Maria e ela disse um Sim corajoso: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Longe de mim comparar o meu sim com o SIM de nossa Mãe querida. Pobre de mim, tão frágil e cheio de pecados! Refiro-me apenas à confusão mental e, apesar disso, a força interior que o Senhor também me concedeu, para responder sim imediatamente ao seu chamado.
Depois vieram as insônias, mas isso não significa dúvida, medo ou coisa parecida; apenas frutos dos impactos recebidos. Fiz este pequeno prefácio, apenas para vocês sentirem comigo o peso do sim dos discípulos apaixonados pela causa do Reino. No fundo, a minha fé é forte e cheio de firmeza o meu sim, mas reconheço a pequenez e fragilidade do meu ser. Mas é verdade que o Senhor chama os pequenos para confundir os grandes, escolhe os fracos para envergonhar os fortes.
Assim, querido e já amado povo de Deus da Diocese de Caratinga, filhos queridos do meu novo presbitério, se saio chorando com saudade intensa da queridíssima Diocese de Guanhães, chegarei sorrindo, com a graça de Deus, para a minha nova missão. Apesar da minha pobreza e pequenez, levo comigo o coração dilatado, cheio de ternura para com todos vocês. Ternura (do latim teneritia) aponta para um afeto interior, vivido com participação viva, afetuosa e dinâmica. É com esta abertura interior que quero abraçar todos vocês. Aliás, o meu lema, no meio de vocês, será o mesmo: “A serviço da misericórdia”. A palavra latina “misericórdia” é esta abertura do coração para o carente, o necessitado (e quem não é necessitado?). Se esta palavra já é linda em latim, mais rica ainda é aquela hebraica (rachamim), que indica as entranhas de misericórdia do Pai, a comoção de suas entranhas. O verbo grego correspondente para mostrar a compaixão, o amor misericordioso de Jesus é splanknizomai. É com este amor visceral que quero amar todos vocês. O termo hebraico, citado acima, deriva de rechem, que significa útero, órgão gerador de vida. Não é outra coisa que desejo realizar entre vocês: gerar vida. Jesus mesmo disse que veio “para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).
Quero levar esta minha saudação amorosa a todos e todas, sem exceção, mesmo que eu me esqueça de enumerá-los aqui: desde as crianças, dando impulso à Pastoral da Criança, até os idosos (a melhor idade), por quem tenho profunda reverência. Quero saudar as crianças da catequese, os adolescentes, os jovens da crisma, os estudantes, os universitários, os casais (casados ou não no religioso), os viúvos e viúvas, as pessoas com deficiência, seja ela de qualquer tipo, os queridos seminaristas, sempre pupila dos meus olhos, o meu novo Presbitério com seus padres e diáconos, a quem dedicarei todo o meu carinho; todas as pastorais, todos os movimentos, os amados e amadas religiosos e religiosas professas ou em formação. Plagiando Ct 2, 16: “O meu amado é todo meu e eu sou dele”, ouso dizer: “Eu serei todo de vocês e vocês serão um povo todo meu”. Não é outra a função do Bom Pastor e é um bom pastor que desejo ser para todos vocês.
Desde o dia 26 de janeiro (dia do telefonema do Sr. Núncio Apostólico) rezo fervorosamente por todos vocês; e, hoje, quero pedir, implorar e mendigar as preces incessantes de todos vocês, para que o Senhor (sem o qual nada podemos fazer) venha em socorro da minha incompetência e fraquezas, para que eu não impeça que as graças abundantes que brotam do coração amoroso do Pai possam fluir generosas para o íntimo de todos vocês na alegria do Espírito Santo para que vocês se tornem cada vez mais apaixonados por Aquele que, vindo para servir e não para ser servido, derramou seu sangue para a salvação de todos nós. Que a Virgem Maria, a mãe do SIM, nos acompanhe a todos nessa nova caminhada.
Guanhães, 16 de fevereiro de 2011.
Reflexão litúrgica - Sobre o ato de ajoelhar-se
Estudante de Filosofia pela FAJE – BH,
E membro do Apostolado Sociedade Católica
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
O Segredo da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria [III]
![]() |
Sta. Teresinha, da Infância Espiritual |
![]() |
Santa Maria Margarida e a aparição do Coração de Jesus |
![]() |
São Luís M. G. de Montfort, autor da Santa Escravidão |