Meditação do Evangelho de João, 2,1-11.
O Evangelho nos apresenta hoje o primeiro milagre operado pelo Salvador. Este primeiro milagre tem uma relação íntima com o último, que é a instituição da Sagrada Eucaristia. Neste primeiro milagre Jesus Cristo mudou a água em vinho, como na Última Ceia, mudará o vinho em seu sangue.
Ele faz aqui uma transubstanciação, mudando a substância da água na substância do vinho; como para preludiar a esta outra transubstanciação, na qual mudará a substância do vinho, na substância do seu sangue.
No milagre das Bodas de Caná - o primeiro de Jesus - Ele prenuncia a instituição da Eucaristia. |
O milagre de cana é uma figura e um símbolo do que diariamente se opera sobre nossos altares.
Há uma admirável aproximação entre o primeiro milagre, com que Jesus Cristo começou a sua carreira, e aquele com que a terminou: a Última Ceia.
É um fato do mesmo gênero: em ambos estes fatos há uma mudança real, um verdadeiramente vinho, como o vinho do cálice se torna realmente sangue.
O banquete de Cana é a figura do banquete nupcial da nova Lei. Aos servos dos esposos Maria disse: fazei o que ele vos disser; aos ministros da nova Lei Jesus Cristo diz: Fazei isto em memória de mim!
Pode-se dizer que Jesus começa num destes fatos o que deve terminar no outro. Em Caná, Ele inaugura o seu poder, preparando a matéria que deve servir-lhe no cenáculo: o vinho, de certo modo, aproxima-se mais do sangue, tem com ele mais afinidade [...]. Possui a cor do sangue e exprime a força e a alegria que nos comunica o cálice da salvação.
[...]É o que fez pensar a São João Crisólogo, que o salvador, pelo milagre de Caná, quis dar-nos uma introdução e prelúdio da Sagrada Eucaristia.
Tais são as belas lições que nos ministra o primeiro milagre de Jesus Cristo. Em sua vida, em suas palavras e atos, tudo é significativo, pois tudo obedece a um plano divinamente delineado e executado.
O Salvado, sem revelar o íntimo de seus segredos e as tramas escondidas em sua providência, prepara no silêncio, pouco a pouco, a relação dos mais sublimes mistérios.
Indo do conhecido ao desconhecido, do sensível ao espiritual, Ele prepara o espírito os apóstolos para que na Última Ceia, sem dizer uma palavra explicativa, sem o mínimo comentário, Ele possa realizar, em termos claros e positivos o que havia mostrado, em parábolas, em símbolos, no decurso de sua vida.
Vemo-lo aqui mudar a água em vinho, fazer uma verdadeira conversão de substância ou transubstanciação, para preparar a grande conversão da substância do vinho em seu próprio sangue.
E para que a relação seja mais perfeita e sensível, aqui Ele não diz uma palavra. Podia ter dito: Isto é o vinho, ou isto é a água mudada em vinho... Não! Ele reserva a palavra explicativa para a realidade, na Última Ceia. Então, sim, Ele dirá, do vinho transubstanciado: Isto é o meu sangue!
Pe. Júlio Maria De Lombaerde
In Mistagogia Eucarística do PJM.
Pp 33-34
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